quarta-feira, 7 de abril de 2010

Missões argentinas e paraguaias

01, 02, 03 e 04 de abril
Resolvemos trotear no feriadão de Páscoa, tirar pai e mãe do meio da confusão de uma reforma e respirar outros ares.

A feliz cidade escolhida para ser agraciada com nossa presença foi Posadas, em Misiones, Argentina. Voltaríamos às Missões, depois de 4 anos. Mas, tive que prometer pra Luísa que nada mais disto pelos próximos 10 anos. É muita velharia pruma adolescente. Haja paciência.
Depois de recolher o João, a Ilka, a Ezilda e a Adri em Alegrete, nos tocamos em 2 carros para a indiada guaranítica. Em tese, é pertinho do Alegrete - só 350 km indo direto. O problema é que era aniversário do Ricardo, e tivemos que pegar uns duzentos e tantos quilômetros de chãozinho e aumentar a quilometragem pra satisfazer o aniversariante. Fazer o quê ... pelo menos é só uma vez por ano.

Alegrete, Manoel Viana, aí uns 70 km de chão até a BR 287  para chegar em São Borja. Demos uma passada na praça pra ver a estátua do baixinho do Getúlio e a escultura do Niemeyer em homagem ao dito.

Como toda a cidade do interior, às 14h já não tinha mais onde almoçar e acabamos comendo um lanche. Segundo a Adriana, o pior Xis dela em muitos anos: com cobertura de maionese, ketchup e batata palha. Coisa feia de se ver e pior ainda de comer.

A passagem pela ponte internacional para Santo Tomé teve a burocracia de sempre, mas foi tranquila.
O porém todo, é que logo depois da entrada na Argentina tem um pedágio cobrando R$ 21,00, e outros R$ 25,00 na volta. Isto quer dizer 92,00 pesos argentinos para ir e voltar a Santo Tomé. Estes valores são para automóveis não castelhanos. Para eles é um custo bem mais baixo. 6 pesos, se bem me lembro. Acreditamos que tudo isto é para inibir a entrada dos brasileiros que iam ali só pra encher o tanque de gasolina, até porque eles estão pedindo que o povo economize combustível. Como a gasolina lá anda em torno de R$ 1,70, já não vale mais atravessar a fronteira só pra encher o tanque.

Andamos uns poucos quilômetros e, para satisfazer o aniversariante, entramos em direção aos Esteros del Iberá (www.esterosdelibera.com) que é algo parecido com o nosso pantanal, pelo menos nas fotos. Daí foram uns 70 km pela RP 40, e outros 85 km pela RP 41 margeando o parque. No começo, um rípio liso. Bem melhor que muito asfalto no Brasil. Mas, depois a coisa foi virando areia, com umas valetas, de rodas de caminhonete ou trator, bem grandes. Uns retões enormes onde dava pra andar rápido e não passava ninguém. Por sorte, não choveu. Senão estaríamos completamente encalacrados. A paisagem também não se mostrou tão bonita e não deu pra ver nenhuma lagoa ou animal diferente. O point da região é a colônia Carlos Pellegrini que fica mais ao sul e possui pousadas com passeios pelo lugar. Um dia eu vou pra lá.




Chegamos em Posadas já de noite, abaixo de chuva. E, não era pouca. Aí o GPS, que agora recebeu, da Dé, o carinhoso nome de Gisele Pereira dos Santos, se pagou de novo. Muitissimas gracias ao pessoal do www.proyectomapear.com.ar , que foi de onde peguei os mapas que estavam muito precisos.

O hotel Julio César (www.juliocesarhotel.com.ar), que já tá bem usado, é bem bonzinho. Banho bom, cama boa, café da manhã bom e até uma piscina pras crias gastarem a energia.

Ainda fomos apreciar as belezas do ar na longa avenida Costanera de Posadas. Bastante gente caminhando à noite, nas largas calçadas ao longo do enorme rio Paraná, olhando, ou sendo olhado, pela paraguaia Encarnación do outro lado. Alguns bons restaurantes. Jantamos muito bem.

No final da manhã fomos pras ruínas de San Ignacio Mini, uns 50km em direção à Foz do Iguaçu. Estas são as reduções Jesuíticas mais inteiras da Argentina. Na noite ainda tem espetáculo de som e imagem. Está tudo muito bem conservado e eles seguem restaurando tudo. Muitas crianças, mas muitas mesmo, pedindo e vendendo pedrinhas, florzinhas e outras inhas na entrada das ruínas. Aquelas bandas são uma região de orquideas, com direito a festival e tudo. Então, lotes de orquídeas para vender. Tem alguns restaurantes na volta, onde dá pra comer uma bóia ou fazer um lanchinho. Comemos umas empanadas falcatruas. Empanada frita, vê se pode. Pelo menos era um pastel bom.



Daí, voltando para Posadas, ainda fomos nas reduções de Santa Ana. Ali uma guia nos acompanhou. Como é bom uma visita bem guiada! As ruínas ali também estão conservadas, mas o objetivo deles não é restaurar. É só conservar. E está bem melhor do que há 4 anos atrás.

Ao lado da catedral principal ficava o cemitério, que continuou sendo usado até 1980 e pouco, pelos colonos que se instalaram ali perto. Um monte de mausoléus, jazigos e covas abandonadas, ou semi-abandonadas, com árvores tomando conta e caixões abertos. O seu Mojica, vulgo Zé do Caixão, ia fazer uma festerê gronguero ali. Não vou explicar o que é "gronguero" porque o termo já fala por si.

No outro dia saímos cedo em direção ao Paraguay para visitarmos as reduções do outro lado do rio. Na migração Argentina uma fila de carros pra lá de desgraçada. Quase 2 horas esperando. Sei lá porque demora tanto. Umas 4 cabines onde os carros estacionam e apresentam a documentação. Já tinham o nosso registro lá da outra vez que passamos, quer dizer, parece organizado. Do lado paraguaio também descemos pra fazer o registro de entrada. Eles, ali na entrada, não  exigem nada. Se quisessemos entrar sem isto seria tranquilo. O problema é que se te pegam lá dentro sem o registro é bronca certa. Já cambiamos uns pilas por Guaranis ali na entrada mesmo. Tem um monte de cambistas de rua com jaquetinha amarela e bem organizados.

Como não podia faltar: um contratempozinho com a polícia na estrada. O Ricardo, boca-aberta, estava de farol apagado e foi atacado por la policia. Até agora não consegui me decidir se o guarda era muito honesto ou era muito inexperiente em pedir suborno. Fez um escândalo pelo farol apagado, ia ficar com os documentos do carro, e eu ia ter que voltar na cidade pra pagar a multa. Mas, era sábado. Não tinha onde pagar a multa. Ele ainda falou com um chefe por telefone e mais outro que andava por ali e não decidiu nada. Depois ainda ficamos hablando mais um tempinho: pero que si, pero que no, e ele me entregou os documentos do carro, esqueceu a multa e seguimos viagem. Sei lá, vai saber ...

As ruinas paraguaias realmente valem a pena. As duas: Jesus de Tavarengue e Santíssima Trinidad Del Paraná. Estão muito bem cuidadas e bem conservadas, com restaurações ainda sendo executadas. Os sítios são enormes. Na de Jesus ainda é possível subir no campanário e ver tudo lá de cima. Como disse o Artur, vale até um piquenique lá dentro.





No caminho entre uma redução e outra passamos por um vilarejo e paramos pra procurar um lanchinho. Achamos um mercadinho, e isto é um baita elogio, com algumas coisas. Compramos umas bolachas e uma mortadela pra recheio, que o cidadão fatiou ali na hora com um facão. Fatiazinhas de uns 2 cm de largura cada. Mas o dono do bolicho sabe o que é bom: vai pro Mariscal em Bombinhas - SC, todo ano.

Na volta entramos em Encarnacion para fazer um recorrido. Menor que Posadas e bem ajeitadinha. Ali também estão fazendo uma Costanera. Dona Ilka resolveu parar no caminho para a ponte para fazermos um chibo nas lojinhas. Afinal, estamos no Paraguay. Daí economizamos nuns telefones e um rádio pro carro.

Por incrível que pareça, o engarrafamento agora era maior ainda. 2 horas e meia. A lentidão, como sempre, era do lado argentino, com a aduana deles abrindo tudo que é porta-malas. O Artur se emocionou, e gastou a energia fazendo toda a ponte a pé. Pelo menos a ponte é bem bonita.

O centro da cidade de Posadas é bastante movimentado com um calçadão perto da praça principal e muitas lojas, shoppings e restaurantes. Na noite estava sempre movimentado. Pra quem não sabe, os castelhanos tem o saudável hábito da siesta. O comércio fecha pelo meio-dia e reabre pelas 16h, indo até às 21h. Muitos turistas brasileiros, argentinos e paraguaios. A janta foi no restaurante La Querencia. Bem na praça. Uns bifões de chorizo pra uns e uma parrillada pra outros. Quem quiser comer com farinha, que leve a sua daqui. A comida está mais ou menos a metade do preço de uma equivalente em Porto Alegre.
Por sorte, ou azar, ainda vimos a troca da guarda, em frente à casa do governo da provincia, na praça.

Na manhã de páscoa, ainda fomos aos mirantes no alto dos morros ao lado da Costanera, e ao supermercado pra trazer um vinhozinho pra iniciar o inverno, mais uns refrigerantes de pomelo: Passo de los Toros. Na volta ainda entramos em Santo Tomé pra almoçar e demos sorte com um restaurante bem bom na esquina da praça.

Nos separamos em Santiago. Os alegretenses prum lado e os porto-alegrenses pra outro. No mais, uma volta longa mas tranquila.


4 comentários:

  1. Tá muito legal o blog pai, continue assim !!!
    Luísa

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  2. tá bala mesmo... dá para viajar chunto uma veiz,

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  3. Parabens ao meu preferido fotografo da National Geographic.

    Quanto a narracao, o vocabulario e uma mistura entre o linguajar do Gaucho da Fronteira e o Gaucho da Capital que quer ser fronteirista, embora continue negando.

    Parabens novamente, a tia orgulhosa se despede.

    Wanda - Gaucha47

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  4. Dá pra viajar junto! As fotos maravilhosas.
    Fico imaginando que bom seria se este blog tivesse começado 20 anos atrás, vocês já teriam um grande lindo e sempre divertido livro pra nós.
    gracias

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