quarta-feira, 28 de julho de 2010

Ilha de Marajó

25, 26 e 27 de julho

A ida pra Marajó de carro, ou kombi, parte de Icoaraci. E lá estávamos nós às 5:30, já que a barca saía às 6:30. Foram 3 horas e pouco no ferry, que tem sala VIP com ar-condicionado onde cachorro não pode entrar. Ficamos na área comum, que acho que é melhor que a VIP. As tvs ligadas direto na missa - era dia de São Cristóvão - padroeiro dos motoristas! Também dá pra subir lá em cima pra apreciar as belezas do ar.

A balsa chega no porto de Camará e dali são mais uns 20 km até Salvaterra, onde nos hospedamos na Pousada do Boto, onde ficamos em cabanas bem legais e com café da manhã muito gostoso. De Salvaterra até Soure, são uns 5 km, mas tem que passar o rio de balsa, e aí tem horário certo. Há um tempo atrás o barco atracava em Soure, e esta cresceu mais que Salvaterra. Agora a coisa está invertendo um pouco.
Salvaterra tem a Praia Grande, que é onde vai todo o povo. Aquela nhenha de tecnobrega ensurdecendo as criaturas nos barzinhos que ficam no caminho da praia e muuuuita gente nas areias. A praia estava meia suja de lixo jogado pelos humanos e ainda tinha pedras. O povo fica por lá até amanhecer. Não esqueçam que estamos nas férias de verão por lá. Mas as praias de Salvaterra, definitivamente, não tem nada de mais.

Por conta das férias também havia shows e apresentações na praça principal: carimbó; escolha da miss, do mister e do gay da temporada.

Comemos por lá basicamente peixe, em diversas cores e apresentações. Na pousada dos Guarás ( aparentemente a maior da ilha) que fica na beira da praia, e onde não vimos nenhum guará, ainda nos fartamos com o famoso filé marajoara com queijo marajoara, tudo tirado do búfalo. Bom mesmo.


Soure nos pareceu o melhor lugar da ilha. Andamos num barco pelos furos, que é um caminho dágua, muito estreito e que liga dois rios maiores. Anda-se pelo meio da vegetação em meio à fauna que se apresentar: pássaros, macacos e uns peixes que andam pulando feito canguru. O mais impressionante é como o barqueiro encontra a entrada do tal furo. Os furos já são conhecidos, mas o cidadão anda, ou navega, a centenas de metros da margem que é tapada de árvores e quando perguntado: Vai demorar ? Ele responde que está logo ali e aponta para algum lugar da margem dizendo: É ali ó! A gente só vê vegetação onde o cidadão enxerga um “furo”. E, obviamente, lá está o furo.

A cidade de Soure é maior que Salvaterra, tem um comércio maior, artesanato e uma polícia que anda em búfalos. Aliás, o caminhão do lixo é um búfalo do lixo.

As praias de Soure são muito legais. Conhecemos Pesqueiro, que fica a uns 8km da cidade, e a da Fazenda São Jerônimo, que fica a uns 3km. Tem uma areia fina, com muita praia na maré baixa, limpa, água que é um espetáculo, aqui já tem um gostinho de sal, bem de leve. Os nativos ainda pedem pra cuidar com as arraias.

A fazenda São Jerônimo organiza passeios turísticos. Uma das propagandas do local é que ali foi filmada a série de TV, da Globo, “No Limite”. Fazem um roteiro com trilha na mata, passeio de búfalo e igarapés de barco. Umas 2 horas a 50,00 pilas por pessoa. Também tem almoço e uma pequena pousadinha. Mas, pra tudo isto é bom agendar antes por telefone. Chegamos à tarde, sem avisar, e ainda conseguimos um passeio de búfalo bem longo. Segundo nos informaram, tem 4 tipos de búfalos, e suas cruzas, por ali. O que muda são os chifres, a cor e se são mais para carne ou leite. Pilota-se o búfalo mais ou menos como um cavalo. Sela e estribo, mas as rédeas não são presas em um freio na boca do animal e sim a uma argola pendurada no focinho do pobre. O animal anda bem devagarinho e eles prendem um ao outro, com a mesma corda, para carregar a turistada. A bicharada só não cruza em ponte. Passamos por trilhas, praia e igarapés e eles no seu passinho, mas muitas vezes se apertando uns contra os outros, e dá-lhe levantar as pernas para não apertar nas guampas. A gente também ganha uns carrapatos. Coisa pouca. Na época de cheia, nada-se com os búfalos, pelos igarapés, segurando pela cola. Oigalê tchê !





Perto de Salvaterra tem a vila de Joanes, onde ainda existem algumas ruínas de construções jesuíticas e uma praia com alguns bares e barcos de pescadores. Nas praias mais movimentadas tem até salva-vidas, que te mandam voltar mesmo.

A uns 50 km de Salvaterra, em direção ao interior da ilha, por estarada de chão empoeirada e depois de uma balsa, visitamos Cachoeira do Arari. Uma pequena cidade que tem como grande atração o museu organizado pelo falecido padre italiano Gallo, que aborda a região com peças marajoaras, costumes, muitas histórias e curiosidades. Mas, o mais interessante ali é que muitas coisas foram construídas de forma interativa, com mecanismos para mostrar algumas coisas e charadas para os visitantes. Isto tudo foi feito na época da máquina de escrever e mimeógrafo . A comunidade está tentando recuperar o museu que, hoje em dia, está muito largado.

A gauchada já está chegando pras bandas de Marajó pra plantar arroz. Encontramos um gaúcho por lá que não conseguiu se acostumar com o ritmo dos paraenses.No caminho pra Arari já tem fazendas. A estrada ainda é precária, principalmente na época das cheias, mas estão aterrando muitos trechos pra asfaltar. De Arari pra dentro não tem mais estrada, apenas allguns caminhos e barco.

O que deve render um dinheirinho no Pará é guarda-chuva ou guarda-sol. O pessoal usa direto, pois ou está caindo um temporal ou está um calorão dos diabos.


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