sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Chichén Itzá, Valladolid e Campeche


Dia 17 de janeiro, sexta-feira

Uma viagem de 2h nos esperava e também a volta de um fuso horário, ou seja, "ganharíamos tempo". Saímos cedinho e chegamos às 8h30 para comprar ingressos ao parque do sítio histórico. Em todos os locais que fomos até o momento não há descontos para estrangeiros (nem mesmo estudantes, professores ou idosos, como em alguns países). Para mexicanos sim, há descontos. Inclusive aos domingos, os sítios históricos e algumas atrações são grátis para os mexicanos. Preparados para um sol intenso, contratamos um guia chamado Rodrigo. Ele nos disse seu sobrenome, mas por ser uma palavra em maia muito complicada, nenhum de nós guardou e acabamos, depois, nos referindo a ele como "Rodrigo Maia". Bem, o guia que contratamos por 1 hora apenas, custou 800 pesos mexicanos e foi muito bom, didático, acessava imagens em um tablet para ilustrar suas explicações. 2007 foi a data em que Chichen Itzá passou a ser considerada uma das novas maravilhas do mundo. No verão, 5.000 pessoas por dia visitam Chichén Itzá. Aprendemos muito sobre a atração principal, a pirâmide, seus simbolismos relacionados ao calendário maia e suas referências à agricultura (especialmente do milho), às estações do ano, aos astros. Outro destaque foi a explicação sobre as modificações corporais realizadas nos governantes como forma de beleza e estratificação social (incrustações nos dentes, deformação craneana e ocular - forçavam o estrabismo - produção de cicatrizes). A quadra para jogo de bola de borracha neste sítio arqueológico é a maior de todos os sítios já encontrados e Rodrigo nos explicou sobre o jogo, as equipes, a posição das torcidas, do sacerdote e do governador no estádio. Também nos falou que o capitão da equipe vencedora era sacrificado aos deuses, ou seja, era uma honra morrer assim. Havia bastante treino, mas os jogos oficiais eram realizados em épocas especiais, como forma de ritual sagrado. Houve alternância e mistura entre maias e toltecas no local, o que fica caracterizado nos estilos arquitetônicos inclusive. Pelas 10h já chegavam muitas excursões às ruínas. Os turistas que vão a Cancún costumam incluir visitas a parques temáticos, cenotes (que são mais de 7.000 na península de Yucatán), cidades históricas e ruínas (que também são diversas e bem interessantes). Chichén Itzá, desde 2010, quando foi elevada à maravilha do mundo, é a principal atração em termos de ruínas. Vimos os dois cenotes que ficam no parque, um deles denominado sagrado, bastante profundo, e onde se atiravam oferendas, pessoas eram sacrificadas, amarradas pelas mãos e pés. Rodrigo "Maia" nos contou que fala maia, bem como sua família e que nas escolas da região se ensina o espanhol, o idioma maia e o inglês. Pedimos uma indicação de cenote para tomarmos banho e o guia, que nos falou bem de Tsukán, a 6km do parque. Inicialmente estávamos inclinados a visitar o cenote Il Kil, mas quando soubemos que há filas e que a água acaba sendo gordurosa de tanta gente nadando, desistimos deste. Cansados e com muuuito calor, aceitamos a indicação do Rodrigo e ficamos surpresos positivamente com a estrutura, organização, paisagismo, cuidado do local, que abriu ao público há 7 meses. Éramos apenas nós na água do rio subterrâneo em Tsukán, com 65m de profundidade, dentro de uma caverna com estalactites e estalagmites. A água era fria, mas não gelada, e depois de perder o medo, curtimos o espetáculo da natureza, vendo os peixes nadarem ao nosso lado dentro da água muito transparente. A transparência da água vai a 35m. Esse cenote é uma propriedade particular que foi organizada recentemente para o turismo. Muitas pessoas tem um cenote particular e não o valorizam devidamente, há por exemplo, um que se chama Carwash, pois era usado para lavar táxis antes de ser turístico! Desse em que fomos, pegavam água para os cavalos até alguém comprar as terras. Grande dica do Rodrigo! Nessa noite ficamos na bonita cidade de Valladolid, mais um dos “pueblos mágicos” do roteiro, onde nos hospedamos num hotel bem simplinho, um quarto para os 5 viajantes. Caminhamos por umas ruas de casarios coloniais, a bonita praça central, olhando lojas de artesanato interessantes, depois fomos assistir ao show de som e luzes “Noches de la Heroica Valladolid” que é projetado diariamente (em espanhol e, em seguida, em inglês) na fachada do convento de San Bernardino. Sentamos em uma mureta na calçada depois do largo gramado ao lado do antigo convento, onde as pessoas iam chegando e se acomodando - uma forma muito bacana e inclusiva de lazer. Percebia-se que a maioria do público não era de turistas (pelo menos na edição em espanhol, que assistimos). Esse show é algo impressionante - um espetáculo gratuito, com quase 30 minutos de projeções supercoloridas e animadas, conta a história de dominação dos espanhóis e a vida da civilização maia na região e a participação de Valladolid na independência mexicana. Ficamos todos bastante surpresos com a excelente apresentação! Fomos comer uns petiscos em um barzinho bem legal, próximo do convento, onde tomamos uns drinks, cervejas e mais tarde começou um show com boa música ao vivo, até nos animamos a dançar salsa (ou tentar), com o pessoal local que era bem animado e mais alguns turistas deslumbrados com o ritmo caliente. Nesse centro histórico fizemos tudo a pé, tudo é pertinho e bem seguro.




Dia 18 de janeiro, sábado

Arrumamos as malas, ou melhor, elas estão sempre quase arrumadas e nos preparamos para buscar um local para tomar café. Acabamos num hotel da praça que serve buffet, à beira da piscina. Local legal, num hotel da década de 1970 que já teve seus dias de glória. Comemos omeletes além dos itens do buffet e depois saímos para Campeche. Muitos ônibus deixavam turistas ao redor da praça, o que explica os preços altos de artesanato e souvenirs na cidade. Há boas lojas de bordados, teares, madeira e cerâmica. Numa delas o funcionário chegou a comentar "esso es arte, no artesanía". Verdade mesmo, a qualidade e o acabamento de alguns produtos é evidente. A viagem a Campeche foi longa, por rodovia pedageada. Aliás, desviamos de apenas 1 "caseta de cobro". Campeche fica à beira mar, tem um longo e agradável malecón com diversas áreas de recuo e monumentos ou pontos de interesse ao longo dessa via. Também tem um centro histórico bonito, tombado pela UNESCO, dentro de muralhas que protegiam a cidade colonial dos ataques de piratas. Chegamos pelas 15h ao hotel (sempre reservado durante a viagem, com preços bons e bem básicos), nos informamos sobre as principais atrações e saímos direto para o forte San Miguel, que fica numa colina, tem um ótimo e organizado museu e é bastante fotogênico com suas reforçadas paredes amarelo-ocre. No museu, vários achados arqueológicos importantes, especialmente do sítio arqueológico de Calakmul, entre eles, máscaras funerárias verdes, feitas em jade, com incrustações de conchas e obsidianas. Já caindo o sol, seguimos para o centro, deixando o carro na beira mar, perto da entrada da cidade amuralhada. Ali, depois de atravessar a larga avenida, em um espaço superagradável, conhecemos um enorme monumento com uma escultura bonita, construído em homenagem aos 500 anos do "encontro de culturas" – quanto romantismo para referir-se a tamanho massacre e dominação. Turistas tiravam foto ao pôr do sol, alguns sentados no banco existente ao longo do muro do malecón, olhando o mar e a cidade em frente, com bonitos edifícios novos e antigos. Tiramos foto no letreiro com o nome da cidade e depois caminhamos pela rua 59, o point dos casarios coloridos que corta a parte amuralhada de norte a sul. Duas quadras iniciais desta rua são destinadas a calçadão, com mesinhas na rua, de restaurantes e bares. Comemos umas pizzas, peixes e burritos e depois fomos até a Plaza de la Independência ou (Parque Principal), a uma quadra de distância e, ali, sentados no degrau do belo coreto central, assistimos a mais um belíssimo espetáculo de som e luz projetado nas paredes da enorme Biblioteca (ou Centro Cultural). Apesar de considerarmos o roteiro pior do que o de Valladolid, os efeitos, animações e colorido são lindos. O Artur sentiu falta de uma narração sobre o espetáculo - o que, apesar de tendencioso pró espanhóis, havia no show de ontem! A Catedral, logo em frente à praça, toda iluminada, também emoldurava a paisagem do centro histórico. Bastante interessantes essas atrações públicas e as praças bem cuidadas, superfrequentadas pela população, turistas, cheia de ambulantes em um convívio tranquilo. Depois pegamos umas paletas (picolés - o Ricardo foi de tamarindo) e ainda conseguimos algumas informações turísticas e mapas para planejar a sequência da viagem. Já nos dirigindo para pegar o carro, fomos surpreendidos por um enorme espetáculo de luz, som e águas "dançantes" que acontecia em uma praça à beira mar. Campeche realmente nos surpreendeu positivamente com essa boa estrutura e atrações públicas! Muito educados, os mexicanos respeitam bastante o pedestre, em todas as cidades que passamos, mesmo fora de faixa de segurança, os veículos paravam para as pessoas que queriam atravessar.






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