sábado, 31 de julho de 2010

Floresta Amazônica - Rio Negro

29, 30 e 31 de julho

O Ariaú ( http://www.ariau.tur.br/ ou http://www.ariautowers.com), nosso hotel, é o primeiro que foi construído com este propósito turístico na floresta. Levamos aproximadamente 1 hora e meia de barco de Manaus (Ponta Negra) até lá, sempre subindo o Rio Negro.

A primeira impressão é de uma maluquice só. São 8 torres de “apartamentos” em palafitas sobre o rio e a floresta com passarelas ligando estas torres. A arquitetura é fantástica. As torres são redondas com até 5 andares. No centro de cada andar existe um hall circular com a escada para inteligar os andares e onde ficam as portas de cada um dos apartamento, que vão desde ali até o final da torre. Imagine fatias de um bolo redondo sem o miolo. Assim são os quartos. Cada um com banheiro, sacada com rede para fora, frigobar, camas confortáveis e ar-condicionado. O hotel ainda tem 10 casas diferenciadas e isoladas nas árvores pra quem se dispuser a pagar mais 2 ou 3 mil dólares pela privacidade e algumas firulas. A execução do hotel parece que fui eu quem fez. Tudo mal acabado e torto que a gente fica se perguntando como este trambolho não cai. Tem uma piscina pequena mas muito útil pra criançada. Tem macacos que ficam esperando o horário das refeições, pra ficar na porta do restaurante pedindo comida, subindo em todo mundo e roubando os mais incautos. O hotel tem um quê de Disneylandia ou Beto Carrero também. No meio dos ambientes aparecem umas esculturas de resina de índio ou algum animal da região. Mas nada supera a pirâmide. Depois de andar 1km nas passarelas, entre as árvores, nos deparamos com uma pirâmide com o desenho de um faraó egípcio por fora, e por dentro ar-condicionado com uma musiquinha de meditação, anjinhos pintados nas paredes e tapetes no chão para sentar sob palavras que transmitem sentimentos como: amor, paz e sei lá mais o quê. Só faltou lugar para os ETs. Minto! A 100 metros dali tem um OVNIporto. Pura verdade!!!!

Acho que o hotel está sempre em reforma, até porque é tudo em madeira. Mas eles estão aumentando, inclusive desenvolvendo atrações em alguns lugares por perto. A impressão é que quando o hotel foi instalado não havia grandes, nem pequenas, preocupações com a questão ecológica por ali. Eles andaram levando multas pesadas do IBAMA e parece que estão se alinhando. Até porque a Copa 2014 vem aí e Manaus é sede.

Na época seca ainda são acrescentados uns 2km de passarelas, da entrada do hotel até o rio, já que tudo aqui acontece de barco, ou helicóptero para alguns.

Os pacotes tem todas as refeições incluídas, até porque não tem a opção de sair pra jantar, e o restaurante é bem variado e com boa comida, com uma boa música ao vivo. Quando chegamos fomos incluídos em um grupo (o nosso tinha umas 15 pessoas) e recebemos um guia pra nos acompanhar nos passeios que estão incluídos no pacote e ele ainda tenta te vender outros passeios adicionais. Os guias são locais e muito conhecedores da vida ali. A companhia deles já vale boa parte do passeio.

Em todos os passeios passamos de barco pela copa das árvores, às vezes com motor, às vezes uma paradinha pra ouvir o barulho da bicharada, ás vezes prum lado do rio, às vezes pro outro, em todas as horas do dia. E isto já vale muito.

Visitamos a casa de uma família de caboclos locais que viviam da subsistência e, agora também, com um pouco do turismo. Ali eles apresentam e explicam suas frutas, ervas, raízes, comidas, hábitos e ainda servem uma tapioca feita na hora com cafezinho. Vimos o por do sol do barco. Noutro dia também saímos de barco às 5h30min pra ver o nascer do sol no meio do rio. Pescamos piranha. Saímos de barco na noite pra fazer a tal da focagem do jacaré. Daí, do nada, no meio da escuridão, um dos guias se atira nágua e volta com um jacarezinho. Fizemos uma trilha na selva, de calça comprida e repelente por causa do mosquital, onde o guia foi apresentando o que havia por ali: árvores, frutas, cipós e formigas. Até comi uma larva de borboleta que estava dentro dum coco de babaçu. Sem nojinhos, por favor. O gosto não é ruim nem bom. A sensação diferente é explodir a larva dentro da boca. (Irghhh - colocação da Dé).





Fizemos dois passeios fora do pacote de 3 dias do hotel. Um era a visitação noturna de uma tribo indígena próxima, onde vivem aproximadamente 13 famílias Saterê-Mawe e veríamos um ritual de passagem. Depois de 45 minutos no barco a motor, rio acima, na maior escuridão, chegamos e vimos dois indiozinhos com fogo pra nos receber. Já achei que tudo fosse ser muito falcatrua. Segundo o guia, a tribo faz uma cerimônia de agradecimento todas as noites, venham turistas ou não, mas quando vem os turistas eles dão uma incrementada. Bebemos um líquido de boas-vindas que eles não dizem o que é, mas parece uma bebida fermentada (a Dé acha que eles fermentam cuspindo milho mastigado). Vimos, dentro de uma choupana com uma fogueira, a cerimônia de passagem de um guri de 11 anos pra idade adulta. Ele tem que colocar a mão, por 20 dias seguidos, em uma luva trançada de folhas onde são presas formigas tucanderas vivas que ficam picando a mão. Diz que a dor é tão grande que anestesia a mão por quase um dia. Depois de uma dança com a mão do pobre guri dentro da luva, eles escolhem alguns turistas pra dançar juntos outra música e, por fim fazem uma apresentação do seu grupo musical, que toca muito bem por sinal.

Passada esta parte cerimonial incrementada, nos levam, através do colégio das crianças, para um ambiente iluminado onde vendem alguns artesanatos. Bem mais caros que em Manaus.

A tucháua, que é a líder e pajé da tribo, dá aulas na língua da tribo para a gurizada. Eles também recebem aulas regulares (português, matemática, ...) de uma professora branca que anda, de barco, 80km todos os dias para isto. Também já tem gente ali que foi pra cidade grande, estudou e voltou. A tribo recebe uma atenção diferenciada da FUNAI por ter este contato com turistas. Tirando os exageros, foi interessante estar no local onde eles vivem.



O outro passeio fora do pacote original foi nadar com os botos-cor-de-rosa. Era um dos momentos mais esperados pela criançada. O IBAMA colocou limites para esta atividade porque os botos estavam ficando estressados. São no máximo 30 pessoas por dia, em grupos de 6, e somente 4 dias por semana. Estão por ali uns 10 botos, que o tratador conhece pelo nome, que são chamados com comida. Então, com o grupo dentro d’água, o tratador fica dando peixe na boca dos botos que às vezes saltam para pegá-la. E os turistas do lado tocando e sendo atropelados pelos botos. Muito legal.

Na volta para o hotel, ainda tomamos banho numa prainha de areia branca e água sempre quente e amarelada, às vezes avermelhada, do Rio Negro.

Um comentário:

  1. Gente,que riqueza de experiências e paisagens! Muito legal! Realmente é um roteiro incrível e muitíssimo interessante! Parabéns pela escolha e obrigada pelos detalhes! Um beijão Nanda
    P.S. Essa ópera não conta!! RSRSRSR

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