domingo, 30 de janeiro de 2011

Arquipélago de Los Roques

24, 25, 26, 27, 28, 29 e 30 de janeiro

Às 5h do dia 24/01, acordamos e nos levaram ao aeroporto de Maiquetía novamente. Ainda tivemos que caminhar um tanto, pois nos deixaram no aeroporto para viagens domésticas, mas nosso “teco-teco” para Los Roques saía de um aeroporto auxiliar, ao lado dos outros – há também um aeroporto internacional. Além de nós, mais uma passageira, brasileira – total 9 pessoas. O piloto convidou o Artur para sentar ao seu lado.

Foi um vôo rápido, 50min, barulhento e, especialmente na chegada, indescritível, paisagens de revista. Azuis e verdes de todas as tonalidades no mar, ilhas de areias brancas e alguns barcos passeando no azul. Na pista de pouso se paga uma taxa de 130 BsF para ingresso ao Parque, sim, Los Roques é um Parque Nacional, desde 1972. Muitos pelicanos nos esperavam na pista de pouso, que é na única ilha habitada e com pousadas, escola e algum comércio – Gran Roque. Nossa capitã Erismar, ou Mar, como gosta de ser chamada, também nos esperava com uma camiseta escrita “Velero Houat”. Incrível – a 20 metros da pista de pouso estava a praia e já seguimos no pequeno cais para embarcar em dois pequenos botes que nos levaram até o veleiro. No curto trajeto apreciamos as belezas do mar transparente, muitos peixes e, sempre, muitos pelicanos. O veleiro Houat (nome de uma ilha francesa), marca Beneteau 510, de fabricação francesa, tem 51 pés, 1 metro e 80 de calado e tem 4 cabines (3 suítes), mais a acomodação da tripulação.
A tripulação, de 2 pessoas, era composta pela mocinha-capitã Mar (25 anos!) e pelo Javier, nosso chef de cozinha. Sem brincadeira, ele é chef de cozinha com experiência em muitos restaurantes dos EUA, Caracas e, nos últimos anos, trabalha assim, em veleiros e catamarãs. Nem acreditamos – nós, depois de tantas peripécias e aventuras, dormindo e comendo mal, passando frio, etc, agora estávamos no meio do Caribe, num paraíso, em veleiro particular, com atendimento vip de um chef. O veleiro é espetacular, cada coisa com seu lugar específico, tudo com espaço planejado. O Houat tem um dessalinizador de água que produz 120 litros por hora, mas nos solicitaram para economizar, pois o processo é caro. O banho é frio, mas a gente se acostumou rápido. No espaço de convivência interno, uma sala de refeições com sofá bem confortável, TV LCD com DVD, uma cozinha bem equipada onde há 3 grandes cestas com legumes e frutas. Gabriel e Artur ficaram no quarto sem banherio, o único com beliche. Luísa e Bruna em uma suíte de casal e as demais “parejas” nas melhores suítes, mais espaçosas. Cada um recebeu duas toalhas, fofinhas (viva!!!!). As refeições, só em foto para mostrar... Café da manhã: sucrilhos, arepas, ovos mexidos, queijo, peito de peru, manteiga, suco, leite, café. Outro dia, foram panquecas, mel, geleias, bem ao estilo americano. Não estávamos acreditando na mordomia. Conhecemos primeiro as ilhas mais afastadas da principal Gran Roque – no primeiro dia velejamos até Carenero, onde ancoramos o barco e passamos até a manhã seguinte. Mar saía para pescar em algumas manhãs, em geral convidava seu compadre, capitão do veleiro Soltana, que fazia o mesmo trajeto inicialmente. No dia 25/01, sairam às 6h30min com máscara de mergulho e dois ganchos e voltaram horas depois com vários polvos. Em seguida, zarpamos para Cayo de Agua, onde fizemos um dos o melhores mergulhos. Tentamos chegar a um farol na mesma ilha, mas o caminho não ajudou – cheio de rosetas e espinhos. Apenas o Cascata foi até lá. O resumo do programa é o seguinte: ser levado para ilhas paradisíacas, a cada dia uma diferente, nadar, mergulhar com snorkel e “patas de ranas” (isto tem no veleiro), ver corais, conchas, estrelas do mar, peixes coloridos, etc, todos os dias e ainda por cima ter um grande guarda-sol montado na praia (sempre deserta) e uma grande caixa térmica com refri, água, cerveja, bolachinhas e frutas. Há noite as crianças ficavam lendo, jogando ou assistindo filmes e seriados que trouxeram. A comida era bem variada e deliciosa, sempre à base de peixe fresco. À noite o serviço era à francesa, iniciando pelos drinques e petiscos. Tudo muito chique.
No aniversário da Débora, dia 26/01, o Javier resolveu fazer uma especialidade – polvo (poucos comiam, mas, tudo bem, os pratos do Ricardo e do Cascata iam recebendo pedaços dos vizinhos...), pescado no dia anterior pela Mar! Nos petiscos iniciais tivemos mojito, azeitonas e queijinhos com tostadas; a sobremesa foi brownie. Até pão no forno (ma-ra-vi-lho-so) o chef fazia para o café da manhã! Em um dos jantares tivemos carpaccio de barracuda (pescada pelo Javier) e piña colada, outros dias a entrada foi ceviche com tostadinhas, tudo muito especial. A sobremesa no almoço eram frutas e à noite, um doce – mousse de maracujá, crepe de nutela flambado e por aí...
Conhecemos a ilha de Dos Mosquises – com coqueiros, sombra, o mar com inúmeros tons de azul. Nesta ilha há uma fundação que protege as “tortugas”, a exemplo do Projeto Tamar. Vimos tanques com tartaruguinhas de vários tamanhos. No local também há uns painéis que mostram escavações e achados arqueológicos pré-hispânicos.
As maiores aventuras (e mais assustadoras) no veleiro, foram as velejadas. De Dos Mosquises até Sarquí, no dia 27/01, durou 2 horas e foi muito difícil – a marinheira Mar e o Javier tiveram muito trabalho para içar, controlar as velas e manobrar o veleiro contra o vento, mas ainda conseguiram pescar barracuda neste trajeto!!!

Balançamos muuuuuuito, para os lados, as coisas caíam dentro do barco, as crianças estavam com medo. Tivemos que fechar todas as escotilhas, pois as laterais ficavam literalmente mergulhadas no mar quando pendíamos para um lado – o que acontecia quase todo o tempo. Os louquinhos dos fotógrafos viajaram todo o tempo em cima do veleiro, filmando, fotografando e se divertindo. Vários dramins foram necessários. Visitamos as duas ilhas – Sarquí e Espenquí, lindíssimas, como todas as outras. Quem mergulhou disse que a visibilidade era maior e, realmente, as fotos embaixo d´água ficaram lindas.
No dia seguinte, 28/01, fomos (a motor) para Noronquises, onde a água divide-se drasticamente em azul marinho e azul claro, quase branco. É tradicionalmente a ilha das tartarugas, mas vimos, após muito procurar, duas ou três. O mergulho foi ótimo, peixes e corais lindos. Há um quiosque de madeira feito por uma pousada, mas que é público, tem mesinhas e bancos para descansar. Nesta praia havia um pouco mais gente – uns 5 ou 6 guarda-sóis, com o nosso. Um canto da praia é especial – os corais formam uma grande piscina, com água mais quentinha e muito convidativa. Depois do almoço seguimos para Crasquí, onde encontramos a Nana e o Emerson, que haviam chegado há pouco e estariam hospedados no veleiro Sula-Sula (nome de uma ave local) – somente eles e a tripulação. Como estávamos perto do final de semana e a praia em Crasquí é larga, já haviam iates chegando (disseram que vinham de Caracas para cá) e atracando ao nosso lado. A Nana viu uma estrela do mar quando mergulhava, mas infelizmente não a vimos. Depois de conversarmos bastante, o Emerson e o Ricardo foram até uma ponta da praia, que é uma das mais extensas e tem pescadores que moram em casas bem simples. Vimos o por-do-sol e, em seguida fomos ao veleiro, tomar banho e nos aprontar para voltar à praia, onde jantamos num restaurante dos pescadores. Comemos lagostas enormes, mas não estavam boas, talvez tenha faltado uma preparação mais elaborada, e peixes. Levamos a caixa térmica, com bebidas e vinho branco venezuelano (bem bom!). Havia mais quatro franceses, que estão no veleiro Soltana, jantando também. Na volta para o veleiro, a escuridão total - não havia lua - permitiu vermos o plâncton neon na superfície – incrível!!!
Acordamos no dia 29/01 com chuva, aliás, exceto uma noite, em todas as demais choveu. Formaram-se dois arco-íris no céu. O Cascata estava um pouco indisposto, menos ativo já desde o dia anterior. Após o café da manhã fomos até a Pelona de Rabusquí (pelona = pelada), que é apenas um banco de areia redondo com conchas e uma gramínea. O mergulho foi muito lindo, mas apenas Débora, Ricardo e Artur se dispuseram a ir. Os demais preferiram ficar na praia. A Bruna teve uma alergia nas pernas e braços – talvez da areia e do sol...
Ao sairmos da Pelona, Mar nos levou de ding (era como chamavam os pequenos botes motorizados) até Rabusquí. Neste trecho já não entram veleiros ou barcos de maior calado, apenas lanchinhas ou catamarãs, pois fica na barreira de corais, a profundidade é muito pequena. Fantásticas as cores do mar, não é possível descrever a beleza. Dezenas de estrelas do mar, a maioria muito grandes, alguns mergulharam e tiraram fotos com elas. Neste local há mangues e, segundo nossa capitã, mais próximo da ilha, junto à vegetação, muito “puri-puri”, mosquitinhos como borrachudos, ou menores, cuja picada queima a pele. A moleza de ser servido e ser levado para passear estava acabando....snif.... Depois do almoço velejamos até Madrisquí, ilha já bem próxima a Gran Roque. Foi um passeio, velejamos muito tranquilamente. Madrisquí tem iates ancorados e tem casas brancas de “veraneio” que já existiam antes do Parque Nacional ser instituído, estão sempre a ponto de desapropriá-las...as casas tem dessalinizadores. Por incrível que pareça, Mar nos informou que as pousadas e casas de Gran Roque também funcionam com dessalinizador. E chegou o dia 30/01 – acordamos cedo e alguns foram até a praia para dar o último mergulho. Como estava meio nublado e choveu, apenas o Artur e o Ricardo se animaram a entrar na água, disseram que o mar estava muito revolto para o mergulho.
Arrumamos as malas e pedimos para conhecer o povoado de Gran Roque, já que metade do grupo viajaria neste dia às 15h, para o Brasil. Cascata e família ainda teriam mais dois dias em uma pousada, pois haviam solicitado transferência do seu vôo para o dia 01/02. Os adultos foram à vila, as crianças preferiram ficar e se despedir lentamente do veleiro. O povoado é muito bonitinho, casas e pousadas bem cuidadas, charmosas e coloridas. Tudo bem limpo. Quando a Mônica e o Cascata foram confirmar a transferência do vôo, a surpresa: não havia sido transferido e, portanto, deveriam sair dentro de 30 minutos da ilha, no próximo aviãozinho!! A correria foi grande: voltar para o veleiro, terminar as mochilas, despedir-se e...embarcar. Deu tudo certo, mas foi um tanto estressante. Ricardo e família ainda puderam almoçar num café ao lado da pista de pouso, tirar umas fotos na vila e embarcaram às 15h rumo a Maiquetía e... à realidade. Na segunda-feira, dia 31/01, Débora já estava trabalhando à tarde... Cascata, Mônica e as crianças tiveram que ficar mais uma noite no  Hotel Catimar, para voltar ao Brasil em 31/01. Foi uma graaande viagem, muitas experiências e paisagens que nunca sairão da retina!!!!

Um comentário: