Às 5h do dia 24/01, acordamos e nos levaram ao aeroporto de Maiquetía novamente. Ainda tivemos que caminhar um tanto, pois nos deixaram no aeroporto para viagens domésticas, mas nosso “teco-teco” para Los Roques saía de um aeroporto auxiliar, ao lado dos outros – há também um aeroporto internacional. Além de nós, mais uma passageira, brasileira – total 9 pessoas. O piloto convidou o Artur para sentar ao seu lado.
Foi um vôo rápido, 50min, barulhento e, especialmente na chegada, indescritível, paisagens de revista. Azuis e verdes de todas as tonalidades no mar, ilhas de areias brancas e alguns barcos passeando no azul. Na pista de pouso se paga uma taxa de 130 BsF para ingresso ao Parque, sim, Los Roques é um Parque Nacional, desde 1972. Muitos pelicanos nos esperavam na pista de pouso, que é na única ilha habitada e com pousadas, escola e algum comércio – Gran Roque. Nossa capitã Erismar, ou Mar, como gosta de ser chamada, também nos esperava com uma camiseta escrita “Velero Houat”. Incrível – a 20 metros da pista de pouso estava a praia e já seguimos no pequeno cais para embarcar em dois pequenos botes que nos levaram até o veleiro. No curto trajeto apreciamos as belezas do mar transparente, muitos peixes e, sempre, muitos pelicanos. O veleiro Houat (nome de uma ilha francesa), marca Beneteau 510, de fabricação francesa, tem 51 pés, 1 metro e 80 de calado e tem 4 cabines (3 suítes), mais a acomodação da tripulação.
A tripulação, de 2 pessoas, era composta pela mocinha-capitã Mar (25 anos!) e pelo Javier, nosso chef de cozinha. Sem brincadeira, ele é chef de cozinha com experiência em muitos restaurantes dos EUA, Caracas e, nos últimos anos, trabalha assim, em veleiros e catamarãs. Nem acreditamos – nós, depois de tantas peripécias e aventuras, dormindo e comendo mal, passando frio, etc, agora estávamos no meio do Caribe, num paraíso, em veleiro particular, com atendimento vip de um chef. O veleiro é espetacular, cada coisa com seu lugar específico, tudo com espaço planejado. O Houat tem um dessalinizador de água que produz 120 litros por hora, mas nos solicitaram para economizar, pois o processo é caro. O banho é frio, mas a gente se acostumou rápido. No espaço de convivência interno, uma sala de refeições com sofá bem confortável, TV LCD com DVD, uma cozinha bem equipada onde há 3 grandes cestas com legumes e frutas. Gabriel e Artur ficaram no quarto sem banherio, o único com beliche. Luísa e Bruna em uma suíte de casal e as demais “parejas” nas melhores suítes, mais espaçosas. Cada um recebeu duas toalhas, fofinhas (viva!!!!). As refeições, só em foto para mostrar... Café da manhã: sucrilhos, arepas, ovos mexidos, queijo, peito de peru, manteiga, suco, leite, café. Outro dia, foram panquecas, mel, geleias, bem ao estilo americano. Não estávamos acreditando na mordomia. Conhecemos primeiro as ilhas mais afastadas da principal Gran Roque – no primeiro dia velejamos até Carenero, onde ancoramos o barco e passamos até a manhã seguinte. Mar saía para pescar em algumas manhãs, em geral convidava seu compadre, capitão do veleiro Soltana, que fazia o mesmo trajeto inicialmente. No dia 25/01, sairam às 6h30min com máscara de mergulho e dois ganchos e voltaram horas depois com vários polvos. Em seguida, zarpamos para Cayo de Agua, onde fizemos um dos o melhores mergulhos. Tentamos chegar a um farol na mesma ilha, mas o caminho não ajudou – cheio de rosetas e espinhos. Apenas o Cascata foi até lá. O resumo do programa é o seguinte: ser levado para ilhas paradisíacas, a cada dia uma diferente, nadar, mergulhar com snorkel e “patas de ranas” (isto tem no veleiro), ver corais, conchas, estrelas do mar, peixes coloridos, etc, todos os dias e ainda por cima ter um grande guarda-sol montado na praia (sempre deserta) e uma grande caixa térmica com refri, água, cerveja, bolachinhas e frutas. Há noite as crianças ficavam lendo, jogando ou assistindo filmes e seriados que trouxeram. A comida era bem variada e deliciosa, sempre à base de peixe fresco. À noite o serviço era à francesa, iniciando pelos drinques e petiscos. Tudo muito chique.
Conhecemos a ilha de Dos Mosquises – com coqueiros, sombra, o mar com inúmeros tons de azul. Nesta ilha há uma fundação que protege as “tortugas”, a exemplo do Projeto Tamar. Vimos tanques com tartaruguinhas de vários tamanhos. No local também há uns painéis que mostram escavações e achados arqueológicos pré-hispânicos.
As maiores aventuras (e mais assustadoras) no veleiro, foram as velejadas. De Dos Mosquises até Sarquí, no dia 27/01, durou 2 horas e foi muito difícil – a marinheira Mar e o Javier tiveram muito trabalho para içar, controlar as velas e manobrar o veleiro contra o vento, mas ainda conseguiram pescar barracuda neste trajeto!!!
Acordamos no dia 29/01 com chuva, aliás, exceto uma noite, em todas as demais choveu. Formaram-se dois arco-íris no céu. O Cascata estava um pouco indisposto, menos ativo já desde o dia anterior. Após o café da manhã fomos até a Pelona de Rabusquí (pelona = pelada), que é apenas um banco de areia redondo com conchas e uma gramínea. O mergulho foi muito lindo, mas apenas Débora, Ricardo e Artur se dispuseram a ir. Os demais preferiram ficar na praia. A Bruna teve uma alergia nas pernas e braços – talvez da areia e do sol...
Arrumamos as malas e pedimos para conhecer o povoado de Gran Roque, já que metade do grupo viajaria neste dia às 15h, para o Brasil. Cascata e família ainda teriam mais dois dias em uma pousada, pois haviam solicitado transferência do seu vôo para o dia 01/02. Os adultos foram à vila, as crianças preferiram ficar e se despedir lentamente do veleiro. O povoado é muito bonitinho, casas e pousadas bem cuidadas, charmosas e coloridas. Tudo bem limpo. Quando a Mônica e o Cascata foram confirmar a transferência do vôo, a surpresa: não havia sido transferido e, portanto, deveriam sair dentro de 30 minutos da ilha, no próximo aviãozinho!! A correria foi grande: voltar para o veleiro, terminar as mochilas, despedir-se e...embarcar. Deu tudo certo, mas foi um tanto estressante. Ricardo e família ainda puderam almoçar num café ao lado da pista de pouso, tirar umas fotos na vila e embarcaram às 15h rumo a Maiquetía e... à realidade. Na segunda-feira, dia 31/01, Débora já estava trabalhando à tarde... Cascata, Mônica e as crianças tiveram que ficar mais uma noite no Hotel Catimar, para voltar ao Brasil em 31/01. Foi uma graaande viagem, muitas experiências e paisagens que nunca sairão da retina!!!!
Que saudades!!
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