quarta-feira, 28 de julho de 2010

Manaus

28 de julho

Manaus foi uma grata surpresa. Calor como Belém, mas muito limpa e agradável. A cidade é muito grande e esparramada, com poucos prédios altos. Na Ponta Negra, que é bem afastada do centro, tem a praia da cidade, mas ela existe somente nesta época de pouca chuva. A praia some na estação das chuvas. Ali também estão restaurantes e bares.
Segundo o pessoal que falamos, a Zona Franca de Manaus está crescendo, com muitas multinacionais se instalando. São fábricas enormes a caminho do cais da Ceasa. Apesar disto, não se encontram produtos baratos nas lojas da cidade, o que existe são os incentivos às grandes empresas.
O encontro das águas, a poucos minutos de barco a partir do cais da Ceasa, é muito interessante. A temperatura do Solimões é uns 5 graus menor que a do Rio Negro. Isto é muito perceptível. Tu vai indo na água friinha e de repente parece que caiu na piscina das crianças,  com aquele xixizinho amigo. A cor da água do Negro, que também lembra um xixizinho se olhada contra a luz, deve-se basicamente à velocidade do rio e à vegetação, isto é, como ele anda (rio anda?) muito devagar, numa velocidade de 2 km por hora, as plantas que caem nele (e não são poucas) ficam muito tempo no mesmo lugar, e com a temperatura alta também, soltam tanino, que é o que dá a cor. Como nos disseram, vai fazendo um “chá” com as plantas. Isto também baixa o PH da água tornando o rio mais ácido e, consequentemente inibe a proliferação de mosquito nas suas águas. Um banho, ou vários, no rio Negro não tem preço.









Logo na frente de Manaus, do outro lado do rio, existe praticamente um bairro com casas sobre toras de madeira. A madeira chama assacu e não vou fazer piada com isto porque já tá pronta. Tem residências, hortas, bares, igrejas, colégio e até a casa do cachorro, tudo flutuante. Todo mundo tem um barquinho pequeno ou rabeta, que tem um motorzinho, pra se locomover. Ao lado da escola, que tem o barco escolar, também tem praticamente um estacionamento de barquinhos pras crianças irem e voltarem pra casa. Toda a vida acontece de barco. Quando o rio baixa eles vão puxando a casa pra dentro do rio e estão sempre flutuando. Também podem trocar de vizinhança quando quiserem.

Ainda existem também, na margem dos igarapés da cidade, algumas palafitas que foram construídas como última alternativa pela população mais carente no final do ciclo da borracha, pelos idos de 1915 e pelo povo que inchou a cidade quando iniciou a Zona Franca. (para saber mais: http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2008/resumos/R3-1591-1.pdf )
Foram construídos nos últimos anos alguns conjuntos habitacionais, bastante bons, buscando acomodar melhor e mais decentemente o povo das palafitas. O pessoal de lá elogia bastante estas construções.

O Teatro Amazonas faz uma visita guiada legal. Tem grupo saindo a todo momento. É só chegar e esperar a vez. O prédio, do auge do ciclo da borracha, é muito grande e bonito com material importado da Europa, como quase tudo que foi construído por ali nesta época. Ainda demos uma sorte enorme, pois estava se apresentando no teatro a Companhia Brasileira de Ópera com o Barbeiro de Sevilha. Com orquestra e tudo. Um espetáculo de espetáculo. A primeira ópera a gente nunca esquece. Ainda mais se for no teatro Amazonas. Os personagens interagiam com o cenário que era projetado no fundo, como um desenho animado e tinha até legenda, para se entender o italiano. Muito interessante e divertido. Pronto! Vão dizer que isto não é ópera e eu continuo sem assistir!


No Centro Histórico, no Largo São Sebastião, onde está o teatro, também está situado o Tacacá da Gisela, que faz ... isto mesmo. Tacacá ! (http://vejabrasil.abril.com.br/manaus/editorial/m357/comidinhas#taca) É um caldo de tucupi, goma, pimenta e sei lá mais o que servido numa cuia, que é parecida com um porongo, com folhas de jambu e camarões nadando no caldo. Tu ganha um pauzinho pra ir pescando os camarões e as folhas de jambu e vai bebendo o caldo virando direto na boca. Sabe aquela sopa que a gente toma, ou tomava, ou ainda vai tomar, na madrugada voltando pra casa depois da festa? O tacacá é muito mais revigorante e tem um gosto muito bom.

O Tacacá da Gisela ainda promove outras atrações. Numa das noites que passamos ali estava acontecendo um show com músicos locais e na outra noite eles faziam uma sessão de cinema ao ar livre. O ambiente é muito legal. Cadeiras ao ar livre pra quem quiser.

O hostel em que ficamos (http://www.manaushostel.com.br/) era bem arrumadinho. Um quarto com quatro beliches só pra nós. Café da manhã incluído. Os guris estranharam um pouco mulheres entrarem no banheiro masculino, que tinha 3 boxes de banho, e tomarem banho ao mesmo tempo que a gente.

Não conseguimos visitar suficientemente a cidade de Manaus, como ela merecia. Uma volta no mercado, que já estava fechando, mas não é aquela coisa toda como o de Belém. Uma volta pelo centrão que tem alguns prédios históricos, museus e praça com artesanias e camelódromo. Não vimos os parques. Manaus merecia mais tempo, mas ... fica pra próxima.

Nenhum comentário:

Postar um comentário