quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Cidade do México

01 de janeiro, quarta
Nova aventura nos esperava a partir do primeiro dia da nova década. Partimos - Ricardo, Artur, Renan, Luísa e Débora - às 6h30min pela Avianca, com escala em Lima e destino à Cidade do México. No avião, conseguiram uma refeição vegetariana para o Artur, apesar de não termos discriminado previamente na reserva essa opção, mas ele não pode tomar vinho, pois sendo a aeronave americana, há exigência de ter 21 anos para consumir bebida alcoólica. Chegamos à tarde no México (3h a menos de fuso horário em relação ao Brasil), depois de uma viagem bem tranquila. De uber, passamos as enormes avenidas com praças superequipadas para o lazer, onde as famílias se divertiam nesse dia de feriado. Chegando em nosso excelente e barato apto reservado pelo Airbnb, na avenida dr. José Maria Berti, 1194, nos instalamos e descansamos um pouco para depois sair para jantar.

02 de janeiro, quinta

Ricardo e Artur saíram para comprar coisas para o café da manhã, adoraram a padaria. Fizemos um desjejum e saímos de metrô (passagens muito baratas, em torno de 1 real), cuja estação está a 5 quadras do ap, rumo ao centro histórico – à praça central aqui, chamam Zócalo. Como era bastante gente na estação e pouco tempo de portas abertas, o Artur não conseguiu entrar no mesmo trem dos demais, mas por sorte sabia onde desembarcar e o próximo trem veio em 5 minutos. Saindo da estação, logo avistamos o enorme largo central em frente à também enorme Catedral e ao Palácio Nacional, que está sendo restaurado e ocupa toda uma quadra. Visitamos primeiro o palácio, de arquitetura espanhola e que foi construído sobre ruínas. A maior atração do palácio, que tem três andares, é acessada a partir do pátio central, através dos arcos e são os murais de Diego Rivera. Simplesmente belíssimos, coloridos e que contam toda a história do México.  O principal mural, nas escadarias, expressa um resumo histórico político desde o período pré-hispânico, mas nas paredes do corredor do 1º andar, cada painel  representa um aspecto da vida do povo: agricultura, comércio, plano de distribuição da cidade, de produção de pigmentos, tecidos e tingimentos etc. Uma maravilha! Em seguida entramos na catedral, também datada dos anos 1500 e que foi constituída a partir de diversas épocas, portanto, com estilos arquitetônicos diferentes. No interior, vários espaços, um deles com missa, muitos altares dourados, órgãos enormes, muitas esculturas. Fora da catedral, ao seu lado, muitos indígenas caracterizados com plumas, penachos, bastões com caveiras de animais, realizavam dramatizações como cerimônias indígenas de defumação nas pessoas que esperavam em filas. Bem ali atrás, em pleno coração do centro da cidade, ingressamos no sítio arqueológico do Templo Mayor (é cobrado ingresso) um enorme espaço de ruínas do principal espaço de vida na antiga capital "mexica" ou asteca, Tenochtitlan, atual Cidade do México. Parte das ruínas foram achadas no início do século XX, mas somente entre 1978 e 1982 foram realizadas as principais descobertas com o consentimento para derrubarem 3 edifícios da época colonial espanhola. Então, com inúmeras peças importantes e totalmente conservadas, organizou-se um museu, bastante importante. Pudemos ter uma boa ideia do que foi a organização do povo asteca à época. Depois, sentamos para comer uma pizza, tomar umas cervejas e depois, seguir caminhando pelos arredores. Fomos até outro ponto de bastante interesse, o Passeio da Alameda. Entramos no imponente Palácio de Bellas Artes, em estilo art déco, com uma cúpula de ladrilhos amarelos e laranja que se destaca ao longe. Preferimos não visitar as exposições no interior do palácio, pois havia uma fila e eram cobrados ingressos. Nos chamou a atenção o fato de que no Palácio Nacional a entrada é gratuita. Passeamos pela bonita e arborizada Plaza de la Reforma, com vários espaços de convivência, chafarizes, até chegarmos ao museu painel Diego Rivera, mas antes ainda entramos em um espaço cultural com uma exposição de arte contemporânea composto de obras em realidade virtual: tecnologia e arte. O museu mural Diego Rivera foi construído para abrigar apenas um mural: "Sonho de uma tarde dominical na Alameda Central". Caminhamos até a torre Latinoamericana de onde se tem uma vista muito boa da cidade, mas a fila era enooormeee e desistimos da atração. Fomos até a Arena Coliseo, onde acontecem as luchas libres, como estava fechada, apenas nos informamos, para aproveitar as próximas sessões. No trajeto pelas ruas até a arena, caminhamos por uma tua de lojas especializadas em vestidos de festa (especialmente 15 anos e casamento). Os 15 anos são uma comemoração enorme no México e os vestidos usados pelas moças, não deixam dúvida do quanto especial é a festa - muito tule, brilhos, saias extremamente rodadas. Ali perto também, no centro, fica a praça Garibaldi, onde muitos grupos de mariachi se reúnem e consequentemente, turistas que aproveitam para apreciar a música, solicitar canções específicas e comer em restaurantes bem típicos. Escolhemos o Salón Tenampa, um ótimo e tradicional restaurante e com pelo menos 2 grupos de mariachis animando as mesas que pagavam pelo show.



03 de janeiro, sexta
Pegamos o metrô até o Parque de Chapultepec, que tem 650 hectares, sendo o maior parque urbano da América Latina. Caminhamos bastante pelas estradas do parque, vimos esquilos nas árvores, havia muita gente aproveitando o dia lindo de recesso escolar para os mexicanos. Além de muita vegetação, lagos com pedalinhos, o parque abriga, em uma colina, o castelo de Chapultepec (hoje um museu), um zoológico e parque de diversões. Nosso maior interesse no parque era conhecer o Museu Nacional de Antropologia que é enorme, em estilo contemporâneo, muito bem distribuído e traz salas para cada uma das muitas culturas pré-hispânicas e também alguns ambientes com explicações antropológicas e ambientais, especialmente da América. Há uma apresentação audiovisual prévia, de meia hora, que é fantástica também e situa os visitantes para melhor compreender as exposições. O acervo traz estátuas, murais, objetos utilitários, peças funerárias de muitas culturas. O que chama mais a atenção talvez sejam as gigantes cabeças olmecas esculpidas em rocha, crânios e máscaras revestidos de turquesa e coral, artefatos de obsidiana, peças dos campos de jogo de bola maias, valiosos achados funerários e a peça de maior destaque: a grande Pedra do Sol, que por muito tempo foi confundida com um calendário asteca. Nossa próxima atração seria a Casa Azul de Frida Kahlo, para onde fomos de metrô, mas a fila era enorme e não aceitavam mais entradas naquele dia. A informação que obtivemos, para conseguir entrar: chegar muito cedo, às 7h, no dia seguinte, e aguardar até às 10h, quando a Casa Azul abre. Resignados, buscamos um lanche em uma confeitaria e seguimos caminhando pelo bairro, até a casa museu de Leon Trotski, que é bem interessante e tem a triste história de vida do revolucionário, que foi assassinado nesta casa, contada em painéis. Estando num bairro tão boêmio, aproveitamos para caminhar até o centro de Coyoacán, onde há duas praças que estavam muito movimentadas e jantamos num ótimo restaurante em frente à praça, bem onde está a fonte “de los coyotes”. Voltamos de metrô para nosso apto. Apesar de termos de caminhar bastante até a estação, ainda era prático e barato.


04 de janeiro, sábado
 Acordamos as 6h30, munidos de sanduíches, água e almofadas. Metade do grupo foi de uber até a Casa Azul da Frida Kahlo e chegou às 7h20 na fila que já tinha 4 pessoas. Artur e Ricardo chegaram uns 20min depois, a pé. A manhã era fria. Chegavam turistas e também gente que guardava lugar para vender ingressos. O sol saiu, nos aquecendo um pouco e quando o Museu abriu, às 10h estávamos a postos, mas um monte de gente entrou antes, alguns por terem comprado bilhetes pela internet, o que é o mais indicado, mas deve ser feito com antecedência. Outros compraram ingresso dos quatro cambistas na nossa frente, o que achamos bastante injusto da parte do museu, que vendeu mais de vinte ingressos para uma única pessoa na fila. Enfim, pelas 10h40, entramos e conhecemos a casa azul da Frida, seus aposentos íntimos, cozinha, atelier com a cadeira de rodas, o espelho usado para os autorretratos. Havia uma exposição de coletânea de fotos de época, correspondências pessoais muito interessantes, além de roupas e acessórios expostos recentemente ao público. Tudo lindo e bem cuidado, um pátio bonito, bem ajardinado. Dali seguimos para Xochimilco, depois de 2 metrôs e um ônibus de integração até o subúrbio da capital. Xochimilco fica à margem do lago Texcoco, onde ainda há remanescências dos antigos canais e férteis cultivos de flores e vegetais da época dos astecas, que criaram tais formas de cultivo já que fizeram a cidade em uma ilha lacustre e foram, gradativamente, aterrando os espaços. Hoje em dia, o local virou uma atração turística pitoresca, não somente pela situação dos canais pré-hispânicos, mas porque existem centenas de trajineiras / grandes canoas que levam as pessoas a passear pelos canais. As “trajineiras” são coloridas e enfeitadíssimas, bem ao estilo mexicano e levam nomes bem visíveis acima, normalmente de mulheres, com coroas florais. Turistas acham a experiência diferente e interessante, mas muitos moradores locais visitam Xochimilco e festejam aniversários ou outros eventos, passeando com grandes grupos a bordo das embarcações e muitas vezes contratando elencos de mariachis que ficam à disposição para serestas. Escolhemos o passeio de 2 horas e foi o suficiente para vivenciarmos a experiência, mas há muitas opções bem mais demoradas. Retornamos tudo: ônibus, metrô...até a estação central, onde descemos já à tardinha. Pretendíamos comer num dos famosos restaurantes Casa del Toño, mas desistimos, tamanha a fila. Aliás, a multidão que caminhava pelas ruas centrais nesse dia e horário era impressionante - não sei se somente pelo fato de ser final de semana ou ainda férias no México. A próxima atividade, que estava marcada na agenda do Ricardo desde que planejou a viagem, foi uma Lucha Libre. Caminhamos até a Arena Coliseo, ali no centro mesmo, compramos ingressos na 3ª fila e esperamos do lado de fora tomando um ponche (suco/chá quente, com pedaços de frutas) e comprando máscaras coloridas de luchadores! Na entrada fomos revistados por seguranças e depois por um detector de metais. Ainda passamos por uma pessoa que olhava cada ingresso, outra que lia o código de barras e outra que destacava. O Ricardo teve que deixar suas câmeras. Segue relato do Renan, o mais entusiasmado e conhecedor das luchas libres do grupo: "Após passar pela horda de seguranças e conferentes de bilhete, adentramos o Coliseu. Lá nos defrontamos com a última linha de defesa da segurança da arena, el acomodador. Este funcionário da arena tomou os ingressos de nossas mãos e exigiu que todos os cinco estivessem juntos para então nos levar até nossos assentos (que, por sinal, eram numerados). Não bastasse a superfluidade de sua função, o senhor ainda demandou uma propina pelo serviço. Após receber o montante de 50 centavos de peso do Ricardo, ele se retirou sem mais alarde. Segue o relato do Renan, que se descobriu o maior fã de lucha libre: “após receber uma sequência desconcertante de golpes de Guerrero, Volador surpreendeu a todos ao aplicar um contragolpe de precisão cirúrgica e que lhe rendeu a vitória no primeiro round. A surpresa também se deve à inesperada remoção de suas calças rosa pink e que revelou a existência de uma sunga também rosa pink. No segundo round, após uma grande performance e de muitos saltos e voos surpreendentes de ambos os gladiadores, a vitória ficou com Último Guerrero. O round final foi repleto de imobilizações e reviravoltas e em inúmeros momentos a vitória parecia poder ir para ambos os lados. Após algumas contagens e decisões questionáveis por parte do juiz, Volador Jr ficou com a vitória do round e da luta. Após o término da luta, ambos os combatentes agradeceram ao público…” Voltamos de metrô.

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