quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Grand Canyon

Dia 05/02, quinta-feira
Às 9h30, após o rico café da manhã com ovos mexidos, sucrilhos, sanduíches, geleias, Nutella, leite, suco, café, chimarrão (ufa!), pegamos um dos ônibus/shuttles que circulam gratuitamente pelo parque para chegarmos até o centro de visitantes, onde recebemos muitas dicas de trilhas pelas bordas do Grand Canyon, que veríamos de cima, outras trilhas de descida, em vários níveis e trilhas de bicicleta. Perguntamos também sobre passeios de helicóptero. Decidimos alugar bicis e fazer a trilha mais longa, pela borda superior do Canyon, até o ponto denominado Hermit's Rest. Pagamos U$ 30,00 por bicicleta e deveríamos devolvê-las às 15h30. Os quatro meninos do grupo escolheram bikes de pneus bem largos e as meninas, as normais. Saímos do centro de visitantes e fomos pedalando pelas estradas asfaltadas, às vezes somente para pedestres e bicis, outras vezes dividindo o espaço com automóveis. Estranhamos não ver nenhum ciclista em todo o trajeto, mas ao final do dia entendemos que foi a opção mais longa e desgastante. Todos os demais devem ter feito a trilha para o outro lado, bem menor e mais fácil. Durante todo o trajeto tínhamos o incrível Grand Canyon à nossa direita, paramos muitas vezes em pontos de observação para admirar e fotografar a paisagem mais impressionante que vimos nesta viagem. As cores, de roxo a branco, com muitos tons de amarelos, vermelhos e rosados. Até onde a vista alcançava e nos rodeando, às vezes quase 180 graus, estava aquela profunda e irregular formação geológica de milhões de anos. Foi um passeio muito lindo e divertido, com muitas descidas e trechos planos na ida, pedalamos 20km. Sim, foram 20km até o final da trilha. Para a volta, desanimados confirmamos nossas suspeitas de que os shuttles não atendem até este ponto no inverno e tivemos que voltar, pedalando também, pelo menos mais 14km (a Mônica, a Luísa e a Bruna, que conseguiram o ônibus a partir deste ponto), mais 17km (todos os meninos, pois as bikes de pneu largo não cabem no rack do ônibus) e 10km (a Débora, que pegou carona numa caminhonete). Estávamos extenuados quando entregamos as bikes, um pouco antes de encerrar o atendimento, entre 15h30 e 16h. Tomamos umas bebidas e em seguida assistimos os 22min do ótimo filme de apresentação do Grand Canyon no centro de visitantes, contando sobre a formação geológica, a fauna e a flora, a história da exploração do rio Colorado e os atuais profissionais, desde artistas a naturalistas e arqueólogos que trabalham no parque. Pegamos outros shuttles para ir até o mercado, depois a uma pizzaria, onde jantamos e retornamos ao RV. O céu estava muito estrelado!

Dia 06/02, sexta-feira
Surpresa ao acordar: vários veados, daqueles com galhadas e tudo, pastavam bem na porta do nosso RV. Foi muito legal e pelo visto eles estão acostumados a virem a esse local. Alguns outros turistas saíram de seus RVs também para fotografar e os animais continuaram ali tranquilamente. A Bruna e a Luísa saíram logo depois do café para ir até o Market onde havia internet. Ter internet foi raro nos parques nacionais. Caminhamos pelo meio do bosque, atalhando para encontrarmos as meninas e, depois de atualizar notícias sobre a situação da mãe da Mônica, que já havia tido alta do hospital, decidimos ir até o outro lado da borda sul (south rim, como dizem aqui), que não fizemos ontem. Fomos de shuttle até South Kaibab Trail Head, o ponto de onde saem as trilhas de, no mínimo, 2 dias e que descem o Canyon fazendo "borda a borda", ou seja, da borda sul, onde estávamos, até a borda norte: "Rim 2 Rim". As mulheres do grupo apenas fizeram uma pequena parte da descida e já se deram por satisfeitas, dado o desgaste da aventura ciclística do dia anterior. Descer é tão fácil, mas a subida é muito exigente! As paisagens do canyon, de qualquer ponto, são maravilhosas. Os homens desceram bastante pela trilha por quase 2h e não chegaram ao rio Colorado, apenas viram de longe uma ponte que o atravessa naquele ponto. Passavam mochileiros que fariam toda a trilha, com suas barracas e sacos de dormir. É comum também usarem mulas para transporte das bagagens. Um cowboy passou montado num cavalo no topo da trilha, o que dava algum medo, pois o cavalo escorregou umas vezes e a queda seria considerável. As paredes do canyon nem sempre são íngremes, são muitos patamares de rochas. As mães e filhas fizeram a trilha por cima do canyon, de Kaibab até o Visitor Center. Foram 4km vendo o canyon de outros ângulos e admirando muitos pássaros azuis, que são bastante comuns no local. Encontramos os pais e filhos às 16h30, lanchamos e seguimos para o Yavapai Point, onde também existe um museu de geologia bem interessante com um janelão de vidro na beira do canyon, uma vista deslumbrante. Ficamos por ali até o pôr do sol, que foi indescritível, o céu adquiriu cores alaranjadas e avermelhadas como as da paisagem, uma imensidão colorida à nossa frente, para cima, para baixo, para ambos os lados. Fazia bastante frio neste horário. Algo incrível aconteceu neste lugar: a Débora encontrou o aluno Augusto Perfeito e seus pais! Parece impossível, mas em nossas viagens de férias, para os mais diferentes lugares, sempre coincide de encontrarmos algum aluno. A janta foi bife de porco assado na grelha (fora do trailer à luz do luar) saladas e arroz branco.


Dia 07/02, sábado
Combinamos de sair bem cedo para chegar ao aeroporto de Tusayan onde faríamos um passeio de helicóptero pelo Grand Canyon com a empresa Papillon. Como chegamos bem cedo, pudemos voar antes do horário agendado, que era às 10h15. Nos pesaram e indicaram os lugares que deveríamos ocupar nas aeronaves, cada família foi em um helicóptero. Assistimos um vídeo de instruções de segurança antes de embarcarmos - tudo aqui funciona assim, sem muito contato pessoal, tudo eficiente, em escala, padronizado. Quando possível, self service! Com a família Heineck Neves foram dois chineses, por isso, as informações eram dadas em inglês e, depois, em chinês (não havia a gravação em português). Foi um passeio curto, de meia hora, mas maravilhoso. Vale muito a pena! Para a grande maioria, era a primeira vez em um helicóptero. Nos pareceu muito seguro e os fones de ouvido com músicas de aventura ou outras contribuíam para acalmar e para disfarçar o barulhão do aparelho. O Cascata comentou que esses pilotos têm o melhor trabalho do mundo, e é verdade! Seguimos pela rodovia, quase 600km sempre com a paisagem do deserto de Mojave, até chegar em Calico, uma cidade fantasma, como a chamam, que teve seu boom no final do século retrasado em função da mineração da prata. A pequena cidadezinha foi reconstruída, com algumas de suas características originais e hoje mostra como se organizavam esses lugares, com saloons, bombeiros, prisão, residências, etc. Estávamos em um ambiente de faroeste da Disney, foi o que comentou o Artur! Teve simulação de duelo e tudo. Achamos tudo prá lá de fake. Ali mesmo, no estacionamento de Calico, cozinhamos pela última vez no motorhome, assando hambúrgueres, nosso lanche reforçado que valeu pelo almoço. Perto da cidade de San Bernardino, onde ficamos em um RV parking, paramos num Target, para as últimas (imaginávamos) compras e encomendas. O RV parking era muito bom, organizado, com vagas para 100 carros e estava praticamente lotado. Chamamos uma entrega de pizza Domino's e começamos a árdua e beligerante tarefa de arrumar as malas. Depois de muito suor e discussão, percebemos que seria necessário comprar mais malas no dia seguinte.

Dia 08/02, domingo
Dormimos bem, acordamos cedo para tomar banho, que por sinal era excelente, no RV parking. Falando nisso, não vimos praticamente ninguém em toda a viagem nesses banheiros dos estacionamentos de RV, exceto uma ou outra pessoa nos parques nacionais. O último café da manhã no motorhome foi um desafio: consumir o máximo que pudéssemos. O Artur chegou a comer Nutella de colher. Tendo chegado à conclusão que era inevitável comprar mais uma mala para cada família, voltamos ao Target de San Bernardino antes de seguir mais 100km para Los Angeles. Chegamos em LA pelas 10h40 e deixamos nossa querida casinha na locadora El Monte. Aguardamos até o meio dia para o transfer até o aeroporto. A partir daí, foram horas intermináveis de leitura, jogos eletrônicos, internet, pois nosso voo para Miami era somente às 23h45. De Miami a Porto Alegre, paramos ainda em Curitiba. E assim, finalizamos mais uma viagem com saldo positivo: fizemos tudo o que foi planejado, nenhum maior problema, o tempo foi sempre perfeito e o principal, nos divertimos e aproveitamos tudo em ótima companhia, sem brigas, o que é quase impossível para 8 pessoas morando juntas e dividindo espaço em um trailer por quase 3 semanas!  Gente que se dá bem!!!