segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Ruta 40 e Cueva de las Manos

Dia 18 (30/01/2012) - Muita Ruta 40 e Cueva de las Manos

Acordamos cedo, saímos às 8h e pegamos a Ruta 40 em direção norte, para a cidade de Perito Moreno, após comprar empanadas e sanduíches de miga e abastecer a van. Sabíamos que enfrentaríamos um dos dias mais difíceis de viagem, pois a distância a percorrer era grande em uma estrada totalmente deserta e com poucos trechos de asfalto.

Realmente foi assim! Como há obras na ruta 40, alguns trechos estavam pavimentados, mas andamos muito em terreno difícil, irregular, cheio de cascalho solto, o que dificultava a viagem. Lá pelas tantas, no painel do carro acusou um problema no freio ABS. O Ricardo percebeu que um caninho havia se soltado embaixo do carro. Paramos para um pequeno enjambre, feito com uma cordinha amarrada. A estrada era deserta mesmo, uma vastidão muito seca e um vento muito forte. Muita poeira...Víamos muitos e muitos bandos de guanacos, chegamos a parar para fotografar dois filhotes de raposa, filhotes de perdiz e também, mais adiante, uma ema que corria na estrada com seus 12 filhotes.

  As paisagens pitorescas, de pouca e rasteira vegetação, horizonte reto, de cores terrosas, onde por vezes apareciam lagos de um azul muito intenso, indescritível. Pegamos uma estrada que fazia um atalho, a ruta 29, que também não era pavimentada. Ao pararmos para confirmar nosso caminho, um topógrafo que trabalhava na estrada afirmou que estávamos na direção contrária e quase nos confundiu, não fosse outro motorista de uma caminhonete que nos deu a informação correta. Apenas uns 3 ou 4 carros passaram por nós nestas estradas. Nenhum carro pequeno, somente vans ou caminhonetes.



Havia também dois "loucos" - um era de Chapecó/ SC, o outro parecia europeu - que estavam de bicicleta, indo em direção sul, contra o vento! Totalmente empoeirados, cansados e famintos. Pareciam também um tanto perdidos, não tinham noção de que estavam muito longe de qualquer lugar civilizado...demos a garrafa grande de água e dois sanduíches que nos sobravam a eles. Eles vinham de Villa O'Higgins no Chile e com aquele vento todo disseram que não estavam fazendo mais de 5km por dia e estavam parando para começar a pedir carona.

Logo depois, o painel da van acusava que o motor superaquecia. Paramos e constatamos mais um problema - radiador seco, com a bateção da estrada de chão a mangueira do radiador embaixo do carro se soltou, por sorte foi só encaixá-la novamente. Como tínhamos dado a maior garrafa de água aos ciclistas, nos sobrava apenas uma de 500ml pela metade. Conseguimos andar mais uns poucos km e paramos novamente, até passarem duas mulheres num jeep que nos deram um litro de água mais ou menos. Com isto conseguimos chegar até um pequeno riozinho e encher o radiador. Nem é preciso dizer que o banheiro foi ao ar livre neste dia, né?!!! Foi uma festa quando chegamos no trecho de asfalto e logo em seguida a Bajo Caracoles, que é o único povoado na beira deste enorme trecho e onde existe uma "venda", ou armazém dos antigos, onde se pode comprar uma bebida, um lanche, perfumaria, ir ao banheiro, abastecer (às vezes não tem combustível...), comprar facões, montaria e esporas. É isto mesmo! Todo o comércio concentrado na mesma casa antiga à beira da estrada. Todos os viajantes param quase que obrigatoriamente ali. Havia um grupo de motoqueiros de Brasília.

Saímos em direção a Cueva de las Manos, monumento de interesse histórico Cultural, tombado pela UNESCO. Mais estrada de chão batido. Chegamos exatamente às 17h, a tempo de acompanhar o grupo que estava saindo com uma guia do local. A paisagem é única - dentro do grande cânion do rio Pinturas, há um sítio arqueológico que conserva impressões de mãos e outras pinturas rupestres feitas desde há 8 mil anos atrás, pelos povos nômades primitivos. Aprendemos que várias gerações usaram estes locais, deixando manifestações com registros sobrepostos em alguns lugares e também, por serem povos caçadores nômades, que existem registros parecidos por toda esta região. Do outro lado da fronteira com o Chile também ha um sítio arqueológico assim, com pinturas de mãos.



Resolvemos ir até Los Antiguos, que seria já na fronteira com o Chile, para dormir. Talvez não tenha sido uma boa ideia, pois demoramos para conseguir um hotel, que foi meia boca e caro, para o que oferecia. Pelo menos o banho era bom e tinha calefação, estava muito frio. Jantamos em um restaurante na mesma avenida do hotel, que é a avenida principal e leva à fronteira. Jantamos massas e milanesas no Rest. Viva el Viento, aliás, muitas coisas por lá tem em seu nome a palavra "vento", deve ser sempre ventoso mesmo. Como muitos lugares na volta, como o nosso "ex-hotel argentino", não aceitam cartão tivemos que fazer uma negociata com o dono do restaurante que passou um cartão e nos deu dinheiro ao vivo e a cores para pagarmos a hospedagem.

Los Antiguos tem muitos canteiros de flores, especialmente grandes rosas, muito coloridas, é conhecida como a cidade das cerejas e fica à beira do Lago Buenos Aires, que é enorme, muito azul e, como tinha muito vento, havia ondas bem grandes. Uma das atrações do local é a colheita destas frutinhas, além de framboesas e moranguinhos.

domingo, 29 de janeiro de 2012

El Chalten

Dia 15 (27/01/2012) - El Chalten, a viagem
Bueno, a tardinha, seguimos viagem a El Chalten, onde já tínhamos reservado o Hotel Destino Sur, que provavelmente conste no quadro dos preferidos do grupo. Acontece que o Ricardo soube que a cidade estava lotada, haviam poucas acomodações por ser final de semana e tb por ser um destino dos mais procurados no verão. Em uma agência de El Calafate conseguimos um grande desconto para o grupo, então, reservamos 4 quartos para 2 noites, mas acabaríamos ficando 3. A viagem para El Chalten foi tranquila, toda em asfalto, muitas paisagens lindas, lagos muito azuis.


Chegamos às 20h e fomos muito bem recebidos pela Bárbara, da portaria do hotel, que também nos explicou que havia um "spa" - sauna, jacuzzi, sala de massagens e aparelhos de ginástica, que tínhamos direito a usar por 45 minutos diários. As crianças acharam o máximo e já reservaram para aquela noite mesmo. A camareira do hotel quase não permitiu que eles fossem sem os responsáveis, mas a Bárbara deu uma conversada com ela, lembrando que afinal, as meninas já tinham 16 anos...deu tudo certo, mas acharam a água da jaccuzi mto quente. Enquanto isto, os adultos estavam fazendo compras num dos mercadinhos da cidade, para preparar kits de lanche para o trekking do dia seguinte. Também foi a Bárbara quem deu as boas dicas de trilhas pela região e nos indicou a do dia seguinte, que seria uma das mais lindas caminhadas que fizemos em toda a viagem.

Dia 16 (28/01/2012) - El Chalten





El Chaltén significa "montanha que solta fumaça" e é o nome que os primitivos indígenas deram à montanha mais alta da região, conhecida atualmente como Fitz Roy, em homenagem ao capitão do navio HMS Beagle, durante a famosa viagem de Charles Darwin. O povoado começou a se formar sm 1980, em função dos muitos aventureiros que vinham tentar escalar os cerros da região. Hoje o local é considerado a capital nacional do trekking. Há muitas trilhas lindas para se fazer, as caminhadas são bem orientadas e, apesar de fazer bastante frio, mesmo no verão, há bastante gente que fica em barracas pelas trilhas. Inúmeras também são as opções de pousadas, cabanas, hotéis. O hotel Destino Sur era quentinho com calefação em todos os ambientes, os quartos maravilhosos, coberta de penas, TVs de plasma, internet. O café da manhã foi espetacular, com medialunas, várias geleias de frutas da região (inclusive de rosa mosqueta) e tudo o mais que tinha direito. Às 8h30 já nos esperavam dois táxis que nos levaram até a pousada, a caminho do Lago del Desierto, de onde saía a trilha de volta até a cidade e que passava por bosques, rios, montanhas, vistas para glaciares, acampamentos, lagoas, tudo muuuuuuito lindo.




Foram 18km para quem não subiu no mirador Três Lagos (Débora e Mônica) e 22km para os demais.A trilha tinha trechos de paisagens belíssimas, muita gente jovem cruzando com mochilas e apetrechos de trekking, mas também idosos.

Observações de quem subiu: a subida até a base do Fitz Roy não é tão pesada como a das Torres del Paine. Subimos por uma trilha de pedra, razoavelmente marcada, até o mirador. Um vento absurdo, que as vezes nos derrubava e, de brinde pra gurizada, uma chuva congelada ou neve fraca, sei lá. Do mirador descemos para dar uma volta no lago completamente azul, o que já tá ficando chato de ver, que fica no pé do Fitz e descobrimos ao lado um outro lago tão grande quanto este e uns 200 metros abaixo, É incrível, os dois lagos com as montanhas atrás, que estavam muito cobertas pela nebrina, e a vista para o vale em frente. Ficamos um bom tempo por lá, apreciando as belezas do  ar.








No final da trilha ainda avistamos, fotografamos e ouvimos os famosos e enormes carpinteros negros da região.




Os últimos caminhantes do nosso grupo chegaram às 18h30, felizes por terem visto nevar um pouco quando estavam no mirador, mas exaustos.
Enquanto aguardavam os membros mais corajosos da equipe, no hotel, Mônica e Débora aproveitaram a jacuzzi do spa. Mais uma boa dica da recepcionista do hotel foi o restaurante El Muro, que ficava bem pertinho do hotel, tinha pratos excelentes e, o mais importante a esta altura, aceitava tarjeta de crédito! Neste restaurante comemos um prato típico da região - o cordeiro patagônico, muito bom, acompanhado de "milhojas de papas", também muy ricas... O Bruno comeu truta às finas ervas, que vinha acompanhada de vários legumes feitos na parrilla. Todos ficaram satisfeitos com seus pratos, refris e vinhos.

Dia 17 (29/01/2012)

Dia de descanso e pouca caminhada. Após o cafezão da manhã percebemos que a noite tinha sido de muita neve na redondeza. As montanhas estavam mais branquinhas e fazia bem mais frio na rua: 7 graus pelas 9h da manhã. Fizemos um passeio de carro até a Lagoa do Deserto, que fica a uns 40 km da cidadezinha. Lugares incríveis, riozinhos pequenos azulados e transparentes que acompanhavam a estrada e muitos bosques verdes. Estava chovendo e mto frio, então não pudemos caminhar muito. Encontramos um carro de Canoas, cujo motorista estava com o filho adolescente, pretendiam ir até Ushuaia. A lagoa é bonita, muitas pessoas fazem turismo de pesca esportiva neste local e tb nos riozinhos próximos. É possível atravessar a lagoa de barco e seguir caminhando um trecho ainda até chegar na fronteira com o Chile, em Villa O'Higgins. Após este passeio, as crianças ficaram descançando no hotel com alguns sandubas e pizzas que sobraram do dia anterior, enquanto os adultos foram de carro até o Centro de Informações do Parque Nacional Los Glaciares, na entrada de El Chaltén. O local é grande e muito bem organizado, tem funcionários muito simpáticos, conta a história de vários escaladores, de expedições antigas e mais atuais. A mais cobiçada pelos escaladores, dentre todas as montanhas, é o Cerro Torre, por sua grande dificuldade. Muitos filmes já foram feitos a respeito destas aventuras, um que já assistimos chama-se "No Coração da Montanha", do Werner Herzog. O Centro de Visitantes tem mostra de fotos sobre a flora e fauna regional, com destaques para o veado andino, ou "huemul", que tem risco de extinção, e o puma. Há também uma montagem com exposição de equipamentos de escalada, jogos interativos para as crianças, tudo bem legal.

Para variar um pouco e, já que não estava mais chovendo, resolvemos fazer uma pequena trilha, de uns 30 minutos, que saía do Centro de Visitantes e levava até dois miradores da cidade. Muito lindo, deu para ter uma noção melhor da cadeia de montanhas, da situação da cidadezinha no meio de paredões, do quanto havia nevado na madrugada. O vento era incrível, quase nos arremessava de cima do morro, era preciso caminhar com cuidado. Aliás, este vento foi parceiro inseparável desde que saímos do Torres del Paine e ainda seria por mais vários dias. Descemos do mirador e lanchamos em uma mesa de piquenique ao lado do Centro de Visitantes, com vento mesmo... Antes de voltar para o hotel, uma passadinha em artesanatos e lojinhas 1do povoado. À noite, o programa seria jantar novamente no El Muro. As especialidades pedidas no dia foram truta a roquefort, goulash com spätzel, cordeiro patagônico, tudo novamente " riquíssimo". Deixamos um chocolate de regalo para a Bárbara, que nos atendeu tão bem, e nos despedimos dela à noite.

Dia 18 (30/01/2012) - Saindo de El Chaltén
Ao sair da cidade, finalmente vimos as montanhas com céu azul e sol. Fantástico.

Ainda faltou o Cerro Torre, quem sabe a gente volta pra escalar. Não é porque na semana anterior morreu uma alpinista alemã ali que vamos e michar, né. Já vamos treinando no Morro do Osso em POA.


sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

El Calafate - Glaciar Perito Moreno

Dia 14 (26/01/2012) - Aniversário da Dé
A viagem do Paine para El Calafate foi longa, muita estrada de chão, o trâmite na fronteira não demorou, mas foi chatinho. Tivemos receio de ter algum problema com a documentação da van, alugada, mas enfim, deu tudo certo. A ventania continuou por todo o dia e na estrada era preciso ter muito cuidado, pois as rajadas de vento pegavam o carro de lado e o desestabilizavam. Também esfriou bastante, quando saíamos do carro a temperatura era drasticamente menor.


Aproximando-nos de El Calafate avistamos o azul maravilhoso do Lago Argentino, mas como já era início da tarde, resolvemos nos hospedar e deixar a visita ao Glaciar Perito Moreno para o dia seguinte. Já na cidade, fizemos uma pequena busca por pousadas e acabamos nas Cabañas Nevis, que tinham um boa estrutura, preço razoável, na rua principal. Ali nos recuperamos dos dias do camping, tomamos bons banhos, lavamos algumas roupinhas e dormimos muito bem, em camas confortáveis. Também tinha internet, então as crianças postaram alguma notícia e fotos para os familiares poderem acompanhar nossa viagem. El Calafate é uma cidade bem maior do que as últimas em que ficamos e cresceu muito desde que estivemos pela primeira vez.Tem uma rua principal, onde novamente encontramos colegas do navio, com muitos restaurantes, lojas, artesanatos bem caros, com produtos bem especializados, sorveteria, etc. As flores chamam a atenção, grandes roseiras, muita lavanda e outras flores lindas enfeitam os canteiros centrais e as frentes de casas e pousadas.
Tudo gira em torno do turismo ao Parque Los Glaciares, esportes de aventura, caminhadas.... Jantamos no restaurante Vaca Atada, onde foi cantado um "Parabéns gaúcho" para a aniversariante. Nos chamou a atenção neste local a agilidade e alegria de um certo garçon, que servia, praticamente sozinho, a todas as mesas. Em todas as oportunidades, tomávamos vinhos nacionais, neste caso, argentino. Compramos mantimentos em um supermercado em frente às cabanas.

 Dia 15 (27/01/2012) - Perito Moreno, o glaciar
Tomamos um bom café, lavamos a louça e deixamos a cidade de El Calafete em direção ao Parque Nacional Los Glaciares. O ingresso para cada adulto foi 70 pesos, as crianças não pagavam. Muitos ônibus, carros particulares e vans chegavam a cada instante para visitar esta maravilha da natureza que é o Glaciar Perito Moreno. Paramos em um mirante antes de chegarmos em um terminal de estacionamento onde tínhamos que deixar a van. A partir dali se pegava um microonibus circular que levava até o ponto inicial das passarelas, em um centro de visitantes, que, na verdade, tem um grande café/restaurante self service, lojimha de souvenirs e limpos e enormes banheiros.



Ali em frente se descortina o grande Glaciar, ou Ventisqueiro, como também são chamados por aqui. É algo que impressiona pelo tamanho, cores, formas esculpidas pela natureza. Uma grandiosidade só. A gente se sente insignificante. Tudo está bastante diferente da época em que viemos há quase 20 anos, há muitas passarelas mais, indicações de uns 4 ou 5 circuitos possíveis, mais ou menos próximos do Glaciar, mais ou menos dentro do bosque. Estava frio e chovendo, a chuva era insistente, não muito forte, mas contínua. Pudemos fazer todos os circuitos que quisemos, mas o tempo fechado talvez não tenha favorecido a qualidade das fotos. O café estava cheio e muita gente se protegia da chuva junto ao prédio.


Um pouco de história - Francisco Moreno nasceu em Bs Aires em 1881. Foi um geógrafo e naturalista que se destacou por seus trabalhos de reconhecimento das províncias ao sul do país, que não tinham muitos registros. Chamado de perito por seus excelentes trabalhos, é um grande herói da Argentina inclusive por ter auxiliado na delimitação de fronteiras com o Chile, tema que é bastante deIicado para ambos os lados até hoje pelo que vimos nestes locais turísticos que visitamos. Sendo assim, o sr. Francisco, ou Perito Moreno teve várias homenagens: o glaciar que recebeu seu nome, uma cidade mais ao norte de El Chaltén etc. As terras que hoje formam o Parque Nahuel Huapi, em Bariloche, foram um presente do governo ao Perito, por serviços prestados, mas ele preferiu doar de volta ao país, na condição de que se intituísse o primeiro Parque Nacional da Argentina.

E assim foi! Depois da visita ao Parque, voltamos a El Calafate para um " almoço" às 16h mais ou menos. Comemos pizza, em um restaurante onde estavam vários alemães do Navimag. Sobrou quase uma pizza inteira, então pedimos para embrulharem para a viagem. Alguns comeram sorvetes e o Ricardo tb comprou chocolates para levar.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Torres del Paine

Dia 12 (24/01/2012) - O parque


Acordamos, tomamos café na pousada e fomos nos abastecer para o acampamento no Torres del Paine: pães, frutas secas, vinhos, chocolates, salame, atum, tomates, sucos e água, tortilhas de batata com bacon, uvas, maçãs, ameixas e pêssegos. O queijo já tínhamos - uma "peça" inteira - além de salmão defumado, comprados no mercado de Puerto Montt. Também trocamos dólares na cidade (1 dólar: 480 pesos chilenos). Andamos pela estrada de ripio, como dizem os castelhanos, uns 80 km, muuuuuita poeira, até chegarmos ao parque. Antes de entrarmos no parque, paramos em dois miradores, com vistas maravilhosas para a cadeia dos Cuernos del Paine e o Lago Toro.

O dia estava especialmente limpo, ensolarado, especial. A vegetação é toda muito bonita, mas está bastante seca, o que favorece os incêndios como o que ocorreu desde 27 de dezembro passado e acabou por interditar o Torres del Paine totalmente por alguns dias e, agora, como fomos informados na portaria, haviam ainda alguns setores fechados ao público - principalmente próximos aos Lago Grey, Pehoé e Laguna Verde. Os adultos tiveram seus momentos de revival, lembrando suas aventuras no verão de 1995 naquele parque totalmente único, quando nem imaginavam que, 17 anos depois, trariam os filhos para conhecer o local.

Na portaria Serrano, perto do Lago Grey, tivemos informações, pagamos 32 dólares por adulto, cada dupla de crianças pagou 1 dólar como valor simbólico. Encontramos as duas viajantes italianas deficientes físicas que estavam conosco no Navimag nesta portaria e, daí para frente, em todos os locais do nosso roteiro continuamos encontrando colegas do navio que faziam a mesma rota que nós. Os alemães sempre eram maioria e andavam em bando, assim como japoneses. Visitamos o Lago Grey, com seu glaciar em tons variados de azul e grandes blocos de gelo desprendidos. Após a longa caminhada contra e a favor do vento no terreno de pequenos cascalhos voltamos para o carro e percebemos que o pneu traseiro havia furado. Então os meninos fizeram o trabalho sujo...depois sentamos junto a uma mesa de piquenique para comer. Muitos passarinhos nos rodeavam, esperando por migalhas.Os primeiros itens consumidos foram as tortilhas de batata, suco e chocolate.

Felizmente o único lugar para consertar o pneu era bem próximo, no hotel do Lago Grey...o que foi no mínimo curioso, pois além do nosso carro, havia mais uma camionete com pneu furado no mesmo estacionamento. Ficamos mais de uma hora na borracharia até conseguirmos sair com o pneu arrumado. Continuamos o trajeto, passando por grandes extensões totalmente queimadas. As estradas estavam todas abertas para o trânsito, mas a maioria das trilhas foi fechada por causa do incêndio.

Passamos por muitos lagos e rios de cores azuis e verdes, clarinhos e transparentes. As montanhas ao longe, com picos nevados, emolduravam o cenário, naquele dia lindo de céu azul. Logo que passamos da parte mais queimada do parque começaram a aparecer bandos de guanacos e, o que foi mais lindo, paramos em uma lagoa com muitos flamingos. O Artur e o Gabriel fizeram o contorno da lagoa, incentivando uma revoada dos flamingos, que foi muito fotografada. Lindíssimo!!!!!!!





Passamos pelo setor da Laguna Amarga e fomos até o Hotel Las Torres, próximo do qual estava nosso acampamento. Alugamos 4 barracas iglu (de duplas), isolantes térmicos para todos, 4 sacos de dormir (a família Prisco havia trazido os seus). A estrutura do camping é mais ou menos. O banheiro nem sempre está muito limpo, há poucas mesas, não tem iluminação, mas a vista é privilegiada, em frente às Torres, imponentes. O banho é bom, com aquecimento a gás. Há também um "Refúgio" próximo ao camping, que oferece refeições (nada baratas!) e camas em beliches, além de banheiros. Toda esta área é de propriedade privada e concentra o camping, hotel e dois destes refúgios (um deles na trilha, bem mais pertinho das Torres).

O camping e os refúgios chamam-se Fantástico Sur. Montamos as barracas, pegamos nossas caixas de mantimentos e preparamos deliciosos sanduíches de salmão defumado ou salame. Fomos dormir à luz das estrelas. Ainda bem que escurece tarde! Não fez muito frio e os sacos de dormir eram bem quentinhos. Alguns dormiram muito bem, outros nem tanto.


Dia 13 (25/01/2012) - As Torres

O Ricardo e a Luísa acordaram cedo, foram caminhar e tirar fotos e presenciaram uma cena incrível: uma raposa que caçou uma lebre bem na frente deles. O episódio foi todo fotografado.

Após o café da manhã nos preparamos para a grande jornada até o Acampamento Chileno, para alguns, ou até as Torres para outros (somente Ricardo, o Bruno e Artur). Esta caminhada foi especialmente exaustiva em função do grande desnível que se enfrenta. Saímos às 10h. Muitos viajantes do Navimag estavam fazendo a mesma trilha. O que mais nos impressionava era a quantidade de pessoas idosas subindo e descendo a montanha. Os mais preparados sempre tinham os bastões de apoio para caminhar, tanto jovens como velhos sempre muito equipados com suas botas de trekking, roupas impermeáveis especias, toucas etc. Alguns subiam com grandes mochilas nas costas, pois iriam acampar no "Chilenos".

A primeira parte do caminho é muito íngreme, com muita pedra solta, ao final deste trecho nos separamos em dois grupos, pois o Ricardo, Bruno e Artur tinham o objetivo de chegar até o final, no mirador das Torres e as meninas perceberam que não chegariam lá. O Gabriel foi solidário e ficou com as mulheres. Parávamos muito para descansar. Logo a seguir veio um vale lindo em que se caminha sobre a borda de penhascos e se avista um pequeno rio com águas azuis bem lá embaixo e aos poucos se vai baixando até chegar na base, atravessando uma pequena ponte deste riozinho e chegando no Acampamento Chilenos, da Fantástico Sur.


Chegamos exautas/os e, como não tinha mesa de piquenique sobrando, entramos no refúgio (de meias, pois havia uma placa solicitando para tirar os tênis e botas) e, por incrível que pareça, tinha um pequeno bar/restaurante, onde compramos coca-cola e batata frita, só prá compensar o esforço anterior. Depois soubemos que nossos 3 companheiros que seguiram até as Torres também fizeram a parada básica da coca-cola após terem ido sem água até o final. São 4,5 km até este acampamento, ou seja, 9km ida e volta. Para os três que seguiram, foram 21km ida e volta, com um esforço físico muito maior ao final, na subida até o mirador e descida ao lago das Torres. Segundo eles, viram condores (é verdade!) e voltaram com dores. Rsrsrsr!

O primeiro grupo estava de volta ao camping às 17h, com as pernas trêmulas, todos, exceto a Débora, sentaram-se na van e dormiram. Débora foi direto tomar banho, mas, quando viu que a água estava fria, foi solicitar ao pessoal da manutenção a troca do gás. Enquanto esperava, tomou uns mates com os rapazes, que com seus 20 e poucos anos, ficaram espantados com a história destes brasileiros que estiveram no Paine há 17 anos atrás, quando não havia nenhuma estrutura de camping ou refúgios no parque. Bruno, Artur e Ricardo chegaram quase mortos, deitaram-se no capim e diziam que queriam jantar uma comida no Refúgio, apesar de ser cara....

Assim, enquanto uns tomavam banho, foi feita a reserva da janta, que seria sopa de aspargos, frango ao molho de laranja com champignons e puré com nozes e passas. A sobremesa era um flan de chocolate. A Débora e a Luísa foram a pé - era só atravessar um leito de rio cheio de cascalhos e caminhar uns 200m até o Refúgio para jantar, os demais foram de carro, pois o Artur se negava a caminhar mais. Para nossa surpresa, o restaurante do Refúgio estava super lotado, alemães, para variar, e turistas de muitas outras nacionalidades. Quem trouxesse seu próprio vinho tinha de pagar a taxa de rolha, o refrigerante devia ser caro, então, tomamos 8 litros de água, que era "de grátis"!!!!!! Depois da janta, sentamos no capim, em frente às barracas, tomamos vinho, tiramos umas fotos e nos recolhemos. O problema de ter tomado tanta água, foi ter de atravessar o camping numa madrugada sem lua, sem lanterna e sem luz no banheiro...


Dia 14 (26/01/2012) - Aniversário da Dé

O dia amanheceu muito ventoso e um pouco mais frio. Caíram uns pingos de chuva, que não chegou a molhar nada, aliás, uma boa chuvarada seria muito bem-vinda no Parque. Na barraca vizinha à nossa voaram panelas, roupas, garrafas plásticas . No café da manhã a Débora recebeu os parabéns pelo seu aniversário. Além de sucos e frutas, tínhamos deliciosos sanduíches de atum, salmão defumado ou salame no café da manhã, feito em frente às barracas. Arrumamos nossas coisas e seguimos rumo à fronteira com a Argentina, mas antes ainda vimos a Laguna Azul, a cascata do rio Paine, lindíssima, um lindo e enorme arco-íris que se formou em frente ao maciço do Paine, inúmeros guanacos, cisnes de pescoço negro e emas.