terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O vulcão Villarrica

Dia 05 (17/01/2012) - Subida ao Villarica 
Acordamos pelas 6h, sem nenhuma reclamação das crianças, para dar tempo de tomar café, preparar as tralhas e chegar na cidade às 7h. Na Politur encontramos nossos guias, auxiliares e companheiros de indiada. Formamos 2 grupos: o nosso, com 8 pessoas e mais 3 brasileiros; o outro, com 5 alemães.

Mochilas montadas com 1,6l de água cada, mais 2 sanduíches, chocolate, equipamento fotográfico, que no caso do Ricardo e Cascata, pesavam uns 4kg cada, mais a roupa impermeável para colocarmos lá em cima, prancha para o esquibunda, grampos para subir no gelo, toca para a neve e polainas impermeáveis para fechar a boca das calças. Colocamos as botas e fomos na van da Politur para o vulcão. E vai subindo aquilo tudo até o parque.
Chegando lá, colocamos as polainas e caminhamos até o teleférico, que nos poupou de caminhar os primeiros 400m dos 1.200m lomba acima. A caminhada até o teleférico já foi cansativa. Paga-se 6.000 pesos (R$ 24,00) por esta ajudinha, mas sem ela fica bem mais difícil chegar ao topo antes do horário limite - às 14h todos tem que começar a descer, estejam onde estiverem. Isto porque são necessárias 6 horas para que um helicóptero venha de longe fazer um resgate, se for necessário, com um tempo razoável de luz do dia para trabalhar.

Enquanto andávamos no teleférico víamos abaixo algumas pessoas subindo a pé e algumas já com os bofes pra fora. As tele-sillas são projetadas para os esquiadores e estão em um ângulo que só dá para subir. Não tem grades de segurança na frente. Então, temos que colocar as mochilas no colo e segurar firme do lado. Bem firme.

Saindo do teleférico, paramos no primeiro ponto e tivemos uma aula rápida dos nossos guias sobre como segurar uma picareta, ou “piolet”, e o que fazer caso a gente deslize gelo abaixo.

O primeiro trecho tem um pouco de gelo no início e e muitas rochas depois, onde é preciso escalar às vezes. As pedras são soltas e é necessário cuidado para não escorregar, ainda mais que temos que acostumar com as botas.

Neste primeiro trecho a pé são aproximadamente 200 metros, até a primeira parada para tomarmos um ar e beber água. A Dé e a Mônica resolveram abandonar o grupo neste ponto, pois dali ainda é possível voltar com um auxiliar, sem ter que esperar o retorno do grupo inteiro horas mais tarde. Elas ainda esperaram um eito até o auxiliar certificar-se que o grupo havia chegado ao segundo ponto, pois se alguém tivesse ficado entre o primeiro e o segundo ponto ele teria que buscar para levar todos juntos para baixo, desta vez, sem teleférico.


Nosso grupo seguiu ziguezagueando até o segundo ponto e tivemos certeza que as gurias fizeram bem em nos abandonar antes. Até esta segunda parada são mais uns 150 m. O lugar da parada era relativamente plano, mas com um precipício ao lado. Comemos umas coisinhas e tomamos fôlego. As paradas não duram mais de 5 minutos, para continuarmos com o corpo aquecido.

E vamos de novo, lomba acima pelo gelo, as crias ainda conversam e perguntam e os velhos já vão economizando o palavreado. Agora mais 150 metros e uma parada em pé no meio da subida, que é muito íngreme para sentar e tirar as mochilas. 2 minutos para tomar água e ar e vamos adiante. Ao infinito e além. 
Na velocidade do nosso grupo, fazemos, segundo os guias, 150 metros a cada meia hora, o que está bom. Me impressiona é as crianças carregarem as mochilas que não são leves, se comparadas ao peso delas. Ainda bem que treinam durante o ano carregando peso para o Colégio.

Da terceira parada, em pé, até a quarta no "falso cumbre" foram mais 150 metros mais ou menos, sempre subindo no gelo, trocando a picareta de mão sempre que mudamos de zigue para zague. Picareta sempre na mão que está mais acima da montanha. No falso cumbre deu pra sentar, ou melhor, se apoiar em um paredão de pedras que estava atrás. Ali acho que foi a maior parada. Terminamos o chocolate, comemos sanduíche, tomamos água. Uma integrante do grupo ficou para trás para fazer um xixi amigo. O cansaço era grande, mas com uma paradinha as energias voltam, ou parecem voltar. Agora é um tirão até o topo.

E vamos indo. Os primeiros 10 minutos ainda são de gelo, depois começamos a subir pela lava, pó, pedrinhas, pedras e pedrões. Mais no final as gurias baixaram o ritmo separando um pouco o nosso grupo que vinha juntinho até então. Imediatamente o guia, que vinha atrás de todos, passou a frente delas e começou a nos conduzir num segundo grupo, num ritmo pouca coisa mais lento que o primeiro.

Depois destes últimos 150 metros de gelo e lava chegamos finalmente até a boca do Villarrica. Aquela fumaça toda saindo daquele buraco imenso. Fumaça de enxofre que ia prum lado ou pro outro viajando com o vento. Um cheiro pra lá de ruim. O sovaco do demo, pra não dizer um pum do demo. Mas a vista lá de cima, pqp! Olhando para o lado contrário ao que subimos, muita geleira e do outro vemos todo o caminho que fizemos, não dá pra acreditar tudo que se sobe. Pucón está abaixo das nuvens. Se vê muitos lugares ao longe, inclusive o nosso conhecido vulcão Llaima no parque Conguillio. Na borda da cratera ainda tem algumas partes de gelo se derretendo.

Depois de algumas fotos do grupo com a camiseta do glorioso Sport Club Internacional, uma cuia e uma bomba (trazidas pelo Cascata apenas para as fotos) e um giro pela volta da cratera, onde o enxofre nos permitiu, chegou a hora do retorno. A parte mais divertida para uns e a mais assustadora para a Luísa.

Recebemos uma aula rápida de como descer a lomba e colocamos toda a roupa impermeável da Politur agora. Casaco, calça, luva, capacete e também um plástico, que mais parece uma tampa de patente que a gente usa pra sentar e deslizar mais fácil em alguns lugares menos íngremes.


Conforme as pessoas vão descendo de esquibunda, vão se formando trilhos mais fundos que os de trás usam como se fosse uma pista. Querendo, dá pra escorregar muito rápido, vamos fazendo curvas e às vezes, saltando fora dos trilhos. É muito legal mesmo.

Fomos descendo assim, deslizando ora rápido, ora devagar e às vezes parando e caminhando para trocar de trilho. Tem lugares onde parece um slalom dentro de um túnel de gelo. Assim fomos até onde o teleférico nos deixou na subida. Aí uma descida longa e forte na polvadeira e pedregulho até embaixo, depois ônibus e Politur para recebermos os diplomas e encontrar a Mônica e a Dé que ficaram passeando sem dinheiro pela cidade.

Estávamos quebrados, mas felizes.

O passeio recomendado por todos para a noite da escalada é um banho relaxante em uma das termas da redondeza. As agências recomendam “Los Posones”, que foi a mesma que a nossa senhoria Mônica sugeriu. Então, pelas 20h, ainda claro, nos tocamos para lá. A terma fica aberta até de madrugada. A questão é que a água é muito quente, de pelar galinha, ou porco, como queiram. Parece que tem um rabo-quente em cada um dos pozones, que são poços que lembram piscinas, mas com pedras no chão e dos lados. Impraticável com a luz do dia. Talvez à noite, com mais frio, seja interessante. Ficamos mais tempo com os pés de molho no rio gelado que passa ao lado. A estrutura do lugar é bem simples, somente com banheiro pra trocar de roupa.

Algumas dicas para a subida ao vulcão Villarrica
  • 1 litro de água por pessoa foi mais que suficiente;
  • Levar equipamento fotográfico pesado não valeu. Não tem como ir com a câmera pendurada e segurar o piolet. Falta agilidade e tempo para tirar o equipamento da mochila e fotografar, tanto durante a subida quanto na descida. No cume é a parte que vale a pena, mas durante a descida do esquibunda o equipamento vem na mochila que vem se arrastando e batendo de tudo que é jeito o tempo todo. Eu quebrei o binóculo do Artur e o Cascata emperrou a lente no corpo da câmera;
  • Subir com roupa leve, nada de casaco nem de calça jeans 

Um mês depois do nosso retorno tivemos a notícia de um terrível acidente no Villarrica onde morreram um turista mexicano e um brasileiro. Notícia aqui.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Olá! Adorei o blog. Pretendo subir o Villarrica em breve, mas como fica a parte do "banheiro"?

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    1. Veja bem... após a entrada do teleférico não existe um banheiro ou qualquer coisa parecida no caminho, também deve-se andar sempre com o grupo. Então, a saída é falar com o guia que vai achar algum canto mais isolado pra tu fazer o serviço. Mas, vai sem medo que vai dar tudo certo :)

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